COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge.
A SOCIEDADE ESTÁ DISTANTE E TÊM QUE
SE MOBILIZAR.
Nobres:
Por
onde a gente passa, é notória a insatisfação com a situação política e
econômica do país e o fato, sempre vem à tona. Apesar disso, há poucas ações
concretas por parte da sociedade para mudar o panorama e fazer valer sua
vontade. Um dos pontos de maior indignação está ligado aos sucessivos aumentos
de impostos a que os governantes vêm recorrendo. O Brasil, hoje, já possui uma
das maiores cargas tributárias do mundo: mais de 35% de nosso PIB corresponde
aos valores destinados ao poder público na forma de tributos. Esse dinheiro sai
diretamente do bolso de cada cidadão, que nos produtos que consome ou serviços
que contrata paga altos impostos, muitas vezes equivalentes à maior parte do
preço final de uma mercadoria. Taxando mais a produção do que a renda, contemos
um sistema injusto. Ao comprar um produto, todo cidadão paga a mesma quantia em
impostos, independentemente de seus vencimentos serem altos ou baixos. Não
bastasse essa injustiça, o sistema tributário brasileiro é absurdamente
complexo. Com uma infinidade de normas, cria-se um emaranhado burocrático que
exige extremo cuidado, principalmente das indústrias. Além de ser altamente
taxado ao longo de seus processos produtivos, o setor industrial gasta muito
tempo e dinheiro para cumprir com todas as suas obrigações com o fisco. Por outro lado, ninguém pode ser contra o
pagamento de impostos. Afinal, é esse dinheiro que garante o funcionamento da
administração pública. É aí que reside o grande problema do Brasil. Apesar de a
sociedade arcar com tributos equivalentes aos de países desenvolvidos, ela não
tem o devido retorno em serviços públicos de qualidade. E, quando a má gestão
desses recursos cria rombos nos cofres púbicos, como está ocorrendo agora, os
governos sempre recorrem à mesma fórmula: aumentar ainda mais os impostos para
ampliar a arrecadação, sem que se vejam grandes esforços para mudar a maneira
de se administrar os recursos retirados da população. Temos no Brasil uma
máquina púbica inchada. Mas a incapacidade de gestão, a má aplicação dos
recursos, a concessão de uma série de privilégios e benefícios e os inúmeros
desvios pela corrupção fazem com que os serviços prestados não atendam a todas
as necessidades da sociedade. Cortar gastos desnecessários e investir no
aumento da eficiência, do controle e da transparência é o que deveria ser feito
pelos governantes para equalizar as contas públicas. Mas isso só vai ocorrer se
a sociedade se mobilizar e cobrar uma mudança de postura da classe política. A população não suporta pagar mais impostos e
abomina a possibilidade de criação de novos tributos, como a CPMF. Quando uma
sociedade não se manifesta, abre espaços para os desmandos de uma classe
política de essência corrupta, sempre alimentada e compartilhada pelo atual
governo que na pratica, não governa.
Antônio
Scarcela Jorge.
*Jornalista
– RP –BR.
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