COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
Nobres:
É por demais estarrecedor o custo humano e social da
incompetência e da corrupção brasileira. O dinheiro que desaparece no ralo da delinqüência
é uma tremenda injustiça, uma bofetada na cidadania, um câncer que, aos poucos
e insidiosamente, vai minando a República. As instituições perdem credibilidade
numa velocidade assustadora. Os protestos que tomam conta de todos os lugares,
seja nas grandes cidades e dos mais longínquos recantos do Brasil, precisam ser
interpretados à luz da corrupção epidêmica, da impunidade cínica e da
incompetência absoluta da gestão pública deste país. Há uma clara percepção de
que o Estado está na contramão da sociedade. O cidadão paga impostos extorsivos
e o retorno dos governos é quase zero. Tudo que depende do Estado funciona mal.
Educação, saúde, segurança, transporte são incompatíveis com o tamanho e a
importância do Brasil. Nós, jornalistas, temos um papel fundamental nesta
questão. Devemos dar a notícia com toda a clareza. Precisamos fugir do
jornalismo declaratório. Nossa missão é confrontar a declaração do governante
com a realidade dos fatos. Não se pode permitir que as assessorias de
comunicação dos políticos definam o que deve ou não ser coberto. A história é
esta, está enraizada em todo o país, a dependência e desonra dos ditos
profissionais da imprensa povoa como sendo autêntica, se criou uma relação
escusa entre os governos, da união, os estados e municípios, com o fim de “institucionalizar
a mentira”. A independência do jornalismo é um desserviço para os corruptos que
estabelece uma junção da empresa e os governos. É até agora, está tudo ótimo
pra eles. – e se mudar? – ora, ora! – é certeza! No plano da cúpula corrupta do
governo da União é notório e se resvala entre todos. Na verdade o jornalismo de
registro, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial, mas oculta a
verdadeira dimensão do país real. Precisamos fugir do espetáculo e fazer a
opção pela informação. Só assim, com equilíbrio e didatismo, conseguiremos
separar a notícia do lixo declaratório. As cicatrizes que desfiguram o rosto do
Brasil podem ser superadas. Dinheiro existe, e muito. Falta vergonha na cara,
competência e um mínimo de espírito público seguindo a informação com a verdade
que é arma da cidadania e a reunião de soerguimento ético do nosso Brasil que
precisa tomar vergonha.
Antônio
Scarcela Jorge.
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