COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
VOTO DA EXPERIÊNCIA.
Nobres
Senhores; com todo respeito:
Sempre o cotidiano do brasileiro
é regrado “pela má notícia” anunciada pelo TSE é que o eleitorado brasileiro
envelheceu. Pois então vamos lhe provar que, se infelizmente envelheceu, Na
frieza dos números e perfis dos eleitores brasileiros, segundo divulgação da
corte superior eleitoral do país, pode-se perceber o crescimento de uma parcela
apta a votar geralmente relegada, pelo descompromisso, ao esquecimento das
urnas. Pois são exatos 10.824.810 os que atingiram ou superaram os 70 anos de
idade. Então, basta aos vovôs saudosos da velha cédula com o nome do candidato
não se assustarem com a maquininha eletrônica para provar, nas urnas, que é, no
mínimo cívica, pois dela o país continua carente. Para o eleitor dos 70 anos em
diante, é chegada a hora de degustar o merecido alívio da desobrigação.
Tanto mais se for minimamente politizado, pois é desanimador constatar que o
cumprimento de um dever legal imposto desde os dezoito anos, se não o fez
conivente com os desmandos da política e dos maus políticos, naturalmente
desestimulou para mudar o quadro indesejável. Entretanto, o sabor da
desobrigação do voto bem que pode ser trocado pelo da liberdade para votar, que
também tem gosto. Gosto de ser útil, sabor especial de poder influir. Percebam
que o resultado da obrigação que se extinguiu não é necessariamente o
direito de não votar, mas também o de votar sem imposição. É um sopro de
liberdade, e só ela desperta os sabores daqueles saberes que o velho
eleitor adquiriu pela experiência de venturas e desventuras de tantos votos por
obrigação. Omitir-se pela decepção significa renúncia à liberdade conquistada e
desperdício da experiência acumulada. Isso é tão inútil e ineficaz como o voto
em branco ou a sua anulação. Aliás, sequer você terá o direito de ser ranzinza,
e disso velho que se preza, não abre mãos, falando mal dos políticos, pois
haveremos de concordar que quem se omite perde a razão para reclamar e provar
que o voto da terceira idade é por demais sábio e consciente, felizmente não se
iludir.
Antônio Scarcela Jorge.
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