COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
NÍVEL DE INFORMAÇÃO.
Nobres:
O nível de informação é deveras
eclético para um segmento de eleitores conscientes em termos práticos. É que
pela primeira vez na história, o número de eleitores brasileiros com nível
universitário supera o contingente de votantes analfabetos. O fenômeno, divulgado
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), indica uma mudança significativa no
perfil do eleitorado brasileiro. A perspectiva é de que os cidadãos se mostrem
melhor informados e, por isso, mais exigentes na escolha de governantes e
representantes parlamentares em outubro. Os analfabetos têm os mesmos direitos
que os letrados, conforme determina a Constituição, mas certamente têm menos
acesso a informações e às modernas formas de comunicação que se baseiam
predominantemente na linguagem escrita. Mesmo com a mudança detectada no perfil
dos habilitados a votar, não deixa de ser preocupante que o país conte apenas
com 8 milhões de graduados. E que, apesar dos avanços na educação, continue com
7,4 milhões de eleitores sem condições de ler ou escrever. Ainda assim, um
aspecto incontestável é que aumentou a participação de todas as faixas de
votantes com escolaridade considerada alta, ao mesmo tempo em que houve redução
em todos os segmentos de menor escolaridade. No caso do eleitorado com nível
universitário, o acréscimo foi de 54,6% desde a última eleição geral, o maior
em todas as faixas. A notável expansão no número de brasileiros com ensino
superior tem um impacto importante no grau de conscientização dos eleitores,
que os candidatos precisam levar em conta. As estatísticas demonstram também
que, mesmo depois de terem liderado as mobilizações de rua em 2013, os jovens
eleitores se mostram pouco dispostos a canalizar suas reivindicações por meio
do voto. O contingente de habilitados a votar com menos de 18 anos foi o que
mais se reduziu de 2010 para 2014. Isso significa que os inconformados com a
falta de atenção à agenda dos protestos intensificados em junho do ano passado
não acreditam que os políticos possam se encarregar de contemplá-la. Esse
aspecto também serve de recado para quem está em campanha por todo o país. Historicamente, muito do inconformismo de parcela dos brasileiros com a
qualidade da política e dos políticos no país tem sido atribuído ao baixo nível
educacional da população, de maneira geral. A perspectiva de reversão desse
quadro, de forma acelerada, gera uma expectativa favorável sob o ponto de vista
de maior qualificação dos eleitores, que desafia candidatos a cargos eletivos.
Neste contexto esperamos nivelar a consciência de todos.
Antônio Scarcela Jorge.
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