COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
LAMENTÁVEL PERDA PARA O BRASIL.
Nobres:
O País perdeu uma opção formidável
para o seu futuro. O jovem político pernambucano Eduardo Campos, morto
tragicamente na queda de um jatinho particular em Santos, juntamente com quatro
assessores e dois pilotos, representava na atual disputa presidencial a chamada
terceira via, com potencial para quebrar a bipolarização histórica entre o PT,
atual ocupante do poder, e o PSDB, seu antecessor. Representava, também, um
sopro de novidade na política nacional. Eduardo Campos, do PSB, carregava no
sangue uma história familiar de comprometimento com as causas sociais, herdada
de seu avô e padrinho político Miguel Arraes, falecido em 2005,
coincidentemente também num 13 de agosto. E, aos 49 anos, também
carregava no currículo uma recente e bem-sucedida experiência de dois mandatos
como governador de Pernambuco, de onde saiu com índices históricos de aprovação
popular. Estava, portanto, credenciado para pleitear uma fatia importante do
eleitorado na atual disputa presidencial, embora ocupasse apenas a terceira
posição nas pesquisas de intenção de voto já apuradas. Mas vinha conquistando
espaço desde que tomou a surpreendente decisão de coligar-se com a ex-ministra
Marina Silva quando esta não conseguiu o registro de seu partido, a Rede
Sustentabilidade. Perde o Brasil, portanto, uma referência como homem público.
E perde, acima de tudo, uma liderança política comprometida com a democracia,
com o desenvolvimento e com as liberdades individuais de seu povo. Mas a perda
maior, imensurável, é a do ser humano, pai de família, e homem reconhecido por
seus pares pela convivência civilizada, pelo diálogo inteligente e pela
integridade. O primeiro dever do País diante de uma perda assim deve ser a
solidariedade e o conforto aos familiares e amigos do ex-governador e das
demais pessoas vitimadas no acidente. Só depois do luto é que se pode pensar
mais refletidamente nas consequências eleitorais do inesperado desaparecimento
do político pernambucano. Porém, uma frase extraída da entrevista que ele
concedeu na última terça-feira ao Jornal Nacional já pode ser adotada pelos
brasileiros de todas as tendências políticas em sua homenagem: “Não vamos
desistir do Brasil!”. Nós brasileiros é que temos por decidir os novos rumos de
direção a lado de nossas consciências sadias da mesma forma em que ele disse.
Antônio Scarcela Jorge.
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