Proposta foi analisada em meio a investigação da compra de Pasadena.
Cinco entre sete ministros já votaram contra o bloqueio de bens.
Cinco entre sete ministros já votaram contra o bloqueio de bens.
O Tribunal
de Contas da União (TCU) adiou decisão sobre o
bloqueio de bens da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, em meio
ao processo que investiga irregularidades na compra da refinaria de Pasadena,
nos EUA, em 2006. Segundo o TCU, o negócio causou à estatal um prejuízo de US$
792,3 milhões.
No julgamento desta quarta-feira
(27), sete ministros apresentaram seus votos, sendo cinco deles em apoio a uma
proposta alternativa feita pelo ministro Walthon Alencar Rodrigues, que afasta,
por enquanto, a possibilidade de bloqueio de bens de Graça
Foster.
Os votos dos ministros desta
quarta podem ser alterados a qualquer momento.
A discussão foi suspensa porque o
ministro Aroldo Cedraz pediu vista, adiando a análise do caso pela terceira
vez. Nas outras duas, a proposta havia sido retirada de pauta pelo próprio
relator do processo, ministro José Jorge, que alegou necessidade de analisar
novas informações.
Jorge defende a inclusão de Graça
Foster entre os atuais e ex-executivos da Petrobras que participaram de decisões relacionadas à compra de Pasadena.
Para propor a inclusão de Graça
Foster entre os suspeitos de responsabilidade pelo prejuízo, e propor o
bloqueio de seus bens, o ministro apontou que ela já fazia parte da diretoria
da Petrobras quando foi tomada a decisão de adiar o cumprimento da sentença
arbitral que determinou à estatal fazer pagamentos à sua parceira em Pasadena, a
belga Astra Oil.
Essa postergação, segundo
cálculos do tribunal, acabou por causar prejuízo de US$ 92,3 milhões, incluídos
na perda total estimada em US$ 792,3 milhões.
Durante o julgamento nesta
quarta, no entanto, ministro Alencar Rodrigues apontou que a postergação se
deveu à espera da Petrobras pelo julgamento de recursos, na Justiça, contra a
decisão arbitral. Na opinião de Rodrigues, a direção visou a “proteção do
patrimônio” da estatal, ao adiar o cumprimento da decisão arbitral e, por isso,
o bloqueio de bens deve ser afastado apenas para essa questão.
Na semana passada, reportagem do
jornal "O Globo" afirmou que Graça Foster e o ex-diretor da Área
Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, doaram imóveis aos parentes logo
depois que estourou o escândalo envolvendo a refinaria, em março deste ano.
Com o objetivo de comprovar que
não houve irregularidade, a presidente da Petrobras anunciou o envio, em 21 de
agosto, de documentos sobre a doação ao TCU. De acordo com a estatal, os papéis
compravam "que tais processos de doação foram regulares e iniciaram em
junho de 2013, bem anterior à mencionada decisão de 23 de julho de 2014,
referente ao processo da refinaria de Pasadena".
O TCU confirmou ao G1 em 22 de agosto que o gabinete do
ministro José Jorge já havia recebido a documentação de Foster.
Além do TCU, a compra da refinaria de Pasadena é alvo de investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), por suspeita de superfaturamento. O negócio também é investigado por duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) no Congresso.
A aquisição de 50% da refinaria,
por US$ 360 milhões, foi aprovada pelo conselho da estatal em fevereiro de
2006. O valor é superior ao pago um ano antes pela belga Astra Oil pela
refinaria inteira. Depois, a Petrobras foi obrigada a comprar 100% da unidade,
antes compartilhada com a empresa belga. Ao final, aponta o TCU, o negócio
custou à Petrobras US$ 1,2 bilhão.
Em julho passado, em decisão
preliminar, o TCU determinou o bloqueio
dos bens de 11 atuais e ex-diretores da estatal, entre eles o antecessor de Graça Foster na presidência da empresa,
José Sérgio Gabrielli, conforme pedido pelo ministro José Jorge. No relatório,
ele não apontou entre os possíveis responsáveis a presidente Dilma Rousseff,
presidente do conselho de administração da Petrobras na época da compra de
Pasadena.
No total, o documento cita 11
executivos. Entre eles, nomes ligados a setores financeiros e jurídicos e
representantes da Petrobras América, subsidiária da estatal nos EUA. Além de
Gabrielli, Cerveró e Costa, são apontados como suspeitos Almir Guilherme Barbassa,
Renato de Souza Duque, Guilherme de Oliveira Estrella, Ildo Luis Sauer, Luís
Carlos Moreira da Silva, Gustavo Tardin Barbosa, Renato Tadeu Bertani e Carlos
César Borromeu de Andrade. Todos eles são atingidos pelo bloqueio de bens.
Ao tornar os bens dos suspeitos
indisponíveis, o tribunal visa garantir recursos para ressarcir a empresa no
caso de uma condenação ao final do processo, que ainda está em fase inicial. Os
suspeitos ainda vão apresentar suas defesas para análise do tribunal.
Fonte: G1 – Brasília –
DF.
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