Desastre aéreo
PRESIDENCIÁVEL MORRE EM SANTOS; PF INVESTIGARÁ
CAUSAS.
Jatinho no qual estava o
candidato, assessores e dois pilotos tentou pousar, arremeteu e caiu logo em
seguida.
Brasília. A
campanha eleitoral de 2014 sofreu um grande choque na tarde de ontem. O
candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Henrique Accioly Campos,
49 anos recém-completados, morreu vítima de um acidente aéreo em Santos, às 10
horas da manhã.
O jatinho no qual estavam Campos,
quatro assessores e dois pilotos haviam partido do Rio de Janeiro. Tentou
pousar na base aérea da cidade do litoral paulista, mas precisou arremeter.
Caiu logo em seguida.
Ninguém que estava a bordo
sobreviveu. Seis pessoas em solo ficaram feridas levemente, uma delas um bebê.
Chovia na hora da queda.
As causas do acidente, ainda
desconhecidas, estão sob investigação. Além de ajudar na identificação dos
corpos, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar as circunstâncias do
acidente com o avião que levava Eduardo Campos.
Será necessário fazer exame de
DNA para a identificação de algumas vítimas. Os restos mortais foram
encaminhados ao IML de São Paulo. A PF vai apurar se houve imperícia,
imprudência ou se foi apenas uma fatalidade. Apesar de ser um avião considerado
novo, não se descarta a possibilidade de falha técnica. A investigação ficará a
cargo de delegados e agentes da Superintendência da corporação em São Paulo.
O Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes (Cenipa), órgão subordinado ao comando da Aeronáutica,
também apura a queda. Ao contrário da Polícia, o trabalho do Cenipa não é
criminalizar eventuais culpados, mas tentar aprimorar a segurança de voos
identificando e divulgando os fatores que contribuíram para os acidentes
investigados.
A polícia também enviou 11
peritos para ajudar na identificação de feridos e análise do local do acidente.
Um deles participou das apurações com o acidente do avião da Malaysia Airlines,
que caiu na Ucrânia em 17 de maio. As duas caixas-pretas da aeronave,
encontradas pelos peritos, foram encaminhadas para investigação na Aeronáutica.
Viagem
interrompida
O avião Cessna 560XL em que
viajava o candidato do PSB à Presidência decolou 8 minutos antes do previsto do
Aeroporto Santos Dumont, no Rio.
O plano de voo apresentado
pessoalmente por um dos pilotos à Sala de Informações Aeroportuárias, às 22h26
de terça-feira, 12, previa que o jato partiria às 9h29 de ontem. O voo decolou
às 9h21, com previsão de chegada à Base Aérea de Santos por volta das 10h. A
Infraero, por meio de sua assessoria, informou que essas pequenas variações de
horário são rotineiras.
O avião era conduzido por Geraldo
da Cunha e Marcos Martins, ambos os pilotos privados contratados pela
coordenação de campanha do PSB. De acordo com a Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), a aeronave estava sob regime de “arrendamento operacional”,
destinada a serviços aéreos privados. Todas as licenças operacionais estavam
regularizadas, segundo a agência reguladora. O avião tinha capacidade para
transportar até 12 passageiros e carregar até 9 toneladas. O modelo do jato
possuía dois motores.
Outras
vítimas
Além de Campos, morreram no
acidente Pedrinho Valadares, 48 (ex-deputado e assessor do candidato), Carlos
Percol, 36 (assessor de imprensa), Alexandre Severo, 36 (fotógrafo), Marcelo
Lyra, 36 (cinegrafista), Marcos Martins, 42 (piloto) e Geraldo Cunha, 45
(copiloto).
Uma sucessão presidencial
imprevisível, agora marcada pela perplexidade e por uma tragédia sem comparação
possível no passado da República brasileira. Para pesquisadores que acompanham
a política e a história do Brasil, esse é o cenário em que a morte do candidato
do PSB lança a política do País.
“Equivalente a isso, só (a morte
de) Tancredo (Neves, presidente eleito indiretamente em 1985, que, internado
antes da posse, morreu sem assumir o mandato)”, afirmou a historiadora Maria
Celina D’Araújo.
“Era um fiel da balança
importantíssimo. Agora é difícil avaliar. O partido vai ter de discutir. Não
sei se o PSB terá alguém para substituir”, acrescentou.
‘Marasmo’
O cientista político Luiz Werneck
Vianna disse não se recordar de episódio semelhante na República. “A eleição já
está um marasmo danado, um desencanto generalizado”, disse. “Sem uma
candidatura influente no Nordeste, a campanha fica ainda mais desinteressante”,
avaliou.
Acidentes já
tiraram a vida de outros políticos do País
São Paulo.
Acidentes aéreos já tiraram a vida de outros políticos brasileiros, entre eles
dois que passaram pela Presidência da República, o marechal Humberto de Alencar
Castelo Branco e um ex-deputado e presidente da Câmara, Nereu Ramos.
A lista inclui também, entre as
lideranças mais importantes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses
Guimarães, e o ex-governador do Rio de Janeiro Roberto Silveira. O acidente que
vitimou Eduardo Campos (PSB) foi o primeiro da história do País em que um
candidato à Presidência morreu em plena campanha.
O marechal Castelo Branco,
primeiro presidente do governo militar instaurado pelo Golpe de 1964, morreu
dois meses depois de deixar o poder. O avião em que viajava colidiu com um
jato, enquanto voava perto da Base Aérea de Fortaleza.
Era 19 de julho de 1967 e o País
vivia os primeiros passos do segundo governo militar de seu sucessor, o general
Arthur da Costa e Silva.
Nereu de Oliveira Ramos foi
presidente da República interino durante três meses, entre o final de 1955 e o
início de 1956, quando transferiu o cargo ao presidente eleito Juscelino
Kubitschek. Ramos morreu no dia 16 de junho de 1958 numa queda de avião na sua
cidade natal, São José dos Pinhais (PR).
Ulysses Guimarães, que foi
presidente da Câmara dos Deputados e da Assembleia que promulgou a Constituição
de 1988, estava em um helicóptero que caiu no mar, perto da costa de Angra dos
Reis (RJ), no dia 12 de outubro de 1992. Seu corpo nunca foi encontrado.
O ministro Marcos Freire
comandava o Ministério da Reforma Agrária durante o governo José Sarney quando
morreu em acidente aéreo no dia 8 de setembro de 1987, no sul do Pará. Freire
pertencia ao chamado grupo dos "autênticos" do antigo MDB (depois
PMDB), que seguiam uma linha crítica aos militares.
Roberto Silveira era governador
do Rio quando foi vítima de um acidente de helicóptero sobrevoando Petrópo-
lis. Morreu em fevereiro de 1961.
Clériston Andrade, candidato ao
governo da Bahia, morreu em 1º de outubro de 1982, um mês e meio antes da
eleição - também devido à queda de um helicóptero. Andrade havia sido prefeito
de Salvador entre 1970 e 1975. Dias após a sua morte, João Durval foi indicado
pelo então governador e foi eleito.
O deputado José Carlos Martinez,
do PTB-PR, morreu em outubro de 2013 quando o avião em que estava decolou de
Curitiba e bateu em um morro.
Fonte: Web.
Nenhum comentário:
Postar um comentário