sábado, 9 de agosto de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 'SÁBADO' 9 DE AGOSTO DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

PORTÃO DE ENTRADA PARA CORRUPÇÃO.

Nobres:
Nos tempos em que cursei jornalismo nos momentos de intervalo entre colegas sempre discorremos uma velha máxima do Jornalismo, que dentre outras que existe corporação incessantemente interesseira, uma premissa que pode ser aplicada às doações para campanhas eleitorais, geralmente feitas por empresas e organizações com interesse em negociar com o governo. Os levantamentos parciais do Tribunal Superior Eleitoral demonstram que os maiores doadores a candidatos e partidos políticos concentram-se num grupo que se relaciona diretamente com o poder público, evidenciando o investimento e o potencial de futura cobrança. Por esta razão é que organizações representativas venham lutando que acabe com este modo escuso e espúrio estudo que possa criminalizar formalmente o que se insere no ordenamento eleitoral como defende a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o país precisa de uma legislação que discipline ou vete as doações feitas por empresas. E não pode cair na armadilha do financiamento público exclusivo, que só beneficiaria os partidos com militância numerosa ou que estão no poder. Diante da pressão popular, o Supremo Tribunal Federal (STF) já se manifestou majoritariamente contra essa forma de custear a democracia, mas a votação ainda não foi concluída. Há razões de sobra para que essa seja a última a ocorrer dessa forma. O balanço preliminar divulgado pelo TSE, ainda parcial, mostra que, nesse primeiro momento, apenas três empresas foram responsáveis por 65% do financiamento das campanhas eleitorais para a Presidência da República. Entre os recursos já arrecadados pelos 11 pretendentes ao Planalto, nada menos de 91% foram bancados por empresas. A situação não é muito diferente nas disputas estaduais, confirmando os interesses espúrios que costumam cercar a política. Democracia custa caro, mas isso não ajuda a explicar que, a cada pleito, o valor das campanhas seja cada vez maior. Os gastos se elevaram porque  empresas interessadas em ganhos futuros com quem estiverem no poder fazem questão de bancar as candidaturas dos políticos com mais chances nas pesquisas de opinião pública. Só para se ter uma ideia, sete das maiores empresas doadoras de campanha nas eleições de 2010 acabaram sendo investigadas por indícios de corrupção envolvendo contratos públicos ou por conta de seus relacionamentos com partidos e políticos. Da forma como ocorre hoje, o financiamento das disputas eleitorais pelo mercado acaba distorcendo a democracia, que deveria atender igualmente a todos os brasileiros. É hora de o país mudar o financiamento de campanhas políticas, vetando as doações de empresas e limitando os valores destinados por pessoas físicas extinguindo a desigualdade de disputa no pleito eleitoral como se fosse um jogo de cartas marcadas e que não se repitam o placar eleitoral dos 7X1.

Antônio Scarcela Jorge.

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