COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
IR AS URNAS COM CONSCIÊNCIA.
Nobres:
No momento de
ceticismo do povo brasileiro ocasionado pela ausência de credibilidade na
maioria dos políticos em função de práticas corruptas e escusas que eles
protagonizam, estima que a democracia
brasileira passe por um momento importante de protestação, uma ocasião de
desenvolvimento, ao mesmo tempo em que vive um momento de provação. No momento
é especialmente marcado, de um lado, por sentimentos revigorados de mudança que
se vinculam à insatisfação e inconformidade diante da corrupção e da
degeneração da atividade política, pelo desenvolvimento de um sentido da
cidadania evidenciado por reivindicações e protestos, e, por outro lado, por
temores também revigorados em relação a ameaças de instabilidade, insegurança e
ingovernabilidade. O momento pode ser promissor se soubermos superar os
excessos que podem gerar um clima indesejável de instabilidade e insegurança e
fazer ressurgir velhos fantasmas, assim como também respostas imediatistas ou
demagógicas, voltadas ao arrefecimento de ânimos e movimentos, ao favorecimento
de interesses particulares ou a impulsos alimentados por idealismos frívolos e
inconsequentes. O momento pode ser promissor se soubermos colher do teor
espontâneo da insatisfação dos cidadãos, das manifestações e dos protestos dos
últimos meses, ocasiões de atuação e engajamento preciosas para o
desenvolvimento de nossa democracia e para a construção de uma sociedade
melhor. O esvaziamento do interesse por eleições, neste contexto, é um fator
que deve nos preocupar; sobretudo num tempo que é ainda de reflorescimento e
sedimentação da democracia, em que há o despertar do senso crítico e da
conscientização relacionada ao exercício da cidadania. O momento não parece ser
voltado, nem adequado à rejeição das eleições como resposta, tal como sugerido
pelo artigo “Não às urnas”, publicado no dia 6; ou, além disto, voltado a um
crescente desencanto com a prática democrática ou a um discurso que acabe por
estimular a apatia em relação à participação política, ao valor das eleições no
contexto democrático, ao reconhecimento da relevância de investirmos, neste
tempo de maior prosperidade crítica, nas potencialidades do exercício da
cidadania e da democracia, mediante esforços que se relacionem com a
reabilitação da política na sociedade brasileira, pois é assim que esperamos.
Antônio Scarcela
Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário