PT
E PSDB.
PARTIDOS ANALISAM NOVAS ESTRATÉGIAS E
ESPERAM MARINA.
TRÁGICA MORTE DE EDUARDO CAMPOS É TRAUMÁTICA TANTO
PARA CORRELIGIONÁRIOS QUANTO PARA ADVERSÁRIOS.
O
PSB tem até dia 23 de agosto para escolher um novo candidato à Presidência.
O partido e Marina Silva já avisaram que neste momento não estão discutindo a
sucessão e só farão isso após o enterro de Eduardo Campos.
Brasília. Ainda no aguardo do que
ocorrerá com a candidatura presidencial do PSB, que deve indicar Marina Silva
para a cabeça de chapa, integrantes das campanhas do PT e do PSDB já começam a
analisar que mudanças farão na estratégia para manter a disputa polarizada
diante de um quadro que consideram completamente novo.
Estrategistas avaliam, no
entanto, que é cedo para fazer prognósticos claros e que a nova configuração da
disputa não zera o jogo, mas vai exigir mudanças cuja amplitude só será
conhecida após a decisão oficial do PSB e algumas rodadas de pesquisas
eleitorais.
A trágica morte do candidato
socialista e presidente do PSB, Eduardo Campos, num acidente aéreo anteontem
ainda é traumática tanto para seus correligionários como para seus adversários,
que tinham um histórico de proximidade com o político pernambucano.
O PSB tem até dia 23 de agosto
para escolher um novo candidato à Presidência e o partido e Marina já avisaram
que neste momento não estão discutindo a sucessão e só farão isso após o
enterro de Eduardo Campos.
"Nós não estamos pensando em
política. Estamos todos ainda perplexos. Não tem clima para isso", disse à
Reuters uma fonte do partido ontem. "Estamos envolvidos com a burocracia
do DNA dos corpos", acrescentou.
A despeito disso, Antônio Campos,
irmão do ex-governador, divulgou uma carta pedindo que Marina assumisse a
candidatura, na qual também agradeceu o apoio dos brasileiros aos familiares do
ex-governador de Pernambuco.
"Como filiado ao PSB, membro
do Diretório Nacional com direito a voto, neto mais velho vivo de Miguel Arraes,
presidente do Instituto Miguel Arraes - IMA - e único irmão de Eduardo, que
sempre o acompanhou em sua trajetória, externo a minha posição pessoal que
Marina Silva deve encabeçar a chapa presidencial da coligação Unidos Pelo
Brasil liderada pelo PSB", afirmou no texto. "Tenho convicção que
essa seria a vontade de Eduardo", concluiu Antonio.
Horas depois da publicação da
carta de Antonio, porém, o PSB divulgou um comunicado dizendo que tomará essa
decisão em "momento oportuno e ao seu exclusivo critério".
Adversários
A presidente Dilma Rousseff, que
concorre à reeleição pelo PT, foi ministra ao lado de Eduardo Campos no governo
Lula e se aproximou dele e da família.
Aécio Neves, candidato do PSB,
tinha identificação pessoal com o pernambucano, porque os dois eram netos de
políticos conhecidos nacionalmente, tinham sido governadores estaduais no mesmo
período e chegaram a traçar estratégias eleitorais juntos nos meses iniciais da
disputa presidencial. "Não mudou tudo, mas muda muita coisa", disse
um dos estrategistas do tucano. Ele chegou a comparar que o impacto é
semelhante a substituir Aécio por José Serra na disputa ou Dilma pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hipóteses que chegaram a ser
ventiladas no PSDB e no PT, respectivamente. No ninho tucano, a ordem é manter
a estratégia do programa eleitoral no rádio e na TV nos primeiros dias,
apresentando Aécio ao eleitorado, mostrando suas realizações no governo de
Minas Gerais e sua capacidade de gestão. Pelo menos por enquanto, segundo essa
fonte.
"Nosso desafio não muda,
temos que apresentar o candidato e torná-lo conhecido. Mas o programa é fruto
de avaliação cotidiana", disse o estrategista.
No PT, não há dúvidas de que
Marina assumirá a candidatura e a avaliação é que mesmo com esse novo quadro,
que precisa ser pesquisado e analisado com mais calma, Dilma segue sendo a
favorita para vencer a disputa.
"Estamos num momento de
paralisia nas campanhas", disse um dos petistas ouvidos. Um outro
integrante do comitê da campanha petista afirmou que nesse primeiro momento
"tudo ficou mais confuso para todos".
Mas essa fonte acredita que Aécio
tem mais a perder numa análise imediata, porque ficou sem uma linha auxiliar do
discurso que tentava emplacar contra Dilma, apontando-a como má gestora.
"Ele e o Campos, por terem sido governadores e bem avaliados, vinham
dizendo e poderiam unir a artilharia nos debates nesse discurso da Dilma má
gestora. Com a Marina, ele não terá essa parceria", disse a fonte. Esse
integrante da campanha argumenta ainda que o tucano e o socialista tinham
perfis semelhantes que os aproximavam, eram jovens políticos, netos de grandes
personalidades da cena política e tinham acertado alianças regionais, que não
foram avalizadas por Marina.
Essa fonte avalia, porém, que
Dilma ganharia uma adversária com língua mais afiada e mais disposta a fazer
críticas mais duras a ela e ao ex-presidente Lula, que Campos poupava.
Tendência é candidato próprio, diz Lyra
São Paulo. O governador de
Pernambuco, João Lyra (PSB), afirmou na tarde de ontem, que a tendência é de
que o PSB continue a ter candidato próprio à Presidência da República nas
eleições deste ano.
De acordo com ele, apesar do
momento de dor com a perda de Eduardo Campos, lideranças do partido já
começaram a discutir quem deve ser o novo candidato. Ele avaliou ainda que a
candidata a vice na chapa, Marina Silva, é "sem dúvida" um grande
nome, mas o partido "vai amadurecer essa decisão" e anunciar o mais
rápido possível.
Lyra afirmou que a definição da
candidatura do PSB deve obedecer a "dois prazos": o legal e o
político. "O legal são 10 dias, e o político nós temos que ter a
consciência que o dia eleitoral começa no dia 19", disse, durante
entrevista no Palácio dos Bandeirantes, após reunião entre a comitiva do PSB
com o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O pessebista afirmou também que a
unidade já defendida por Campos deverá prevalecer no processo de escolha do
novo candidato. "Temos convicção e absoluta certeza de que o PSB vai
encontrar o melhor caminho para suceder Campos", afirmou. O governador
comentou que já chegou, inclusive, a conversar com o presidente interino do
PSB, Roberto Amaral.
"Essa é a tendência: de ter
candidato próprio e deve se confirmar", declarou, acrescentando logo em
seguida: "Não posso adiantar absolutamente nada em relação a isso, porque
depende das conversações que vamos iniciar a partir de agora". Em
entrevista, Lyra não afirmou claramente se o PSB vai continuar apoiando Alckmin
em São Paulo numa eventual candidatura de Marina Silva, mas agradeceu, em nome
dele e da família de Campos, a solidariedade e o empenho do tucano no processo
de identificação dos corpos das vítimas e das causas do acidente.
Ele afirmou que, por telefone, a
presidente Dilma Rousseff (PT) colocou à disposição todos os serviços do
governo federal e informou que os corpos devem ser transportados em um avião da
Força Aérea Brasileira (FAB).
Lyra disse esperar que a
identificação das vítimas seja concluída entre hoje à tarde e amanhã, a partir
de quando serão levadas para os respectivos Estados. O sepultamento deverá
ocorrer 24 horas após os corpos chegarem aos destinos.
Liberação de corpos
O governador Geraldo Alckmin, por
sua vez, não falou sobre política. Ele afirmou apenas que o governo está
trabalhando para que a identificação dos corpos termine "o mais
rapidamente".
Segundo ele, os corpos devem ser
liberados entre dois e três dias. Alckmin citou que a esposa de Campos, Renata
Campos, pediu para que todos os sete corpos fossem liberados juntos.
Marina Silva tenta se manter forte
São Paulo. A filha de Marina
Silva, Mayara Lima, relatou o sentimento de tristeza após a morte do candidato
do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos.
"Não é um momento fácil para
a minha mãe e toda a equipe, mas ela tenta se manter forte", escreveu, em
mensagem no Facebook. "É tão destruidor o sentimento que eu e minha
família sentimos que, ao imaginar a dor da família do Eduardo, me
assusto", escreveu.
O texto foi publicado ao lado de
uma foto com a presença de Mayara, Marina, Campos e seu filho João. Segundo o
relato de Mayara, a foto foi tirada no dia em que ela conheceu Campos.
"Naquela sala de um
apartamento dentro da cidade de São Paulo, cheia de gente, estava acontecendo
história", escreveu. "Dava para sentir que uma agenda com
compromissos para um Brasil que queremos se formava. Eu estava ali como uma
mera espectadora e já sentia que estava por vir algo grande pela frente",
lembrou.
A filha da vice de Eduardo Campos
ainda acrescentou que o Brasil perdeu um grande político, "uma pessoa de
caráter e compromissos admiráveis".
Substituição
O porta-voz nacional da Rede
Sustentabilidade, o ex-deputado federal Walter Feldman, disse que a escolha de
Marina Silva como substituta de Eduardo Campos na chapa presidencial do PSB não
está sendo discutida neste momento pela cúpula da campanha. Segundo Feldman,
Marina sequer permite a discussão sobre seu nome e um possível vice menos de 48
horas depois da morte do candidato à Presidência da República.
O aliado de Marina disse que não
há clima para tomar uma decisão e que ela considera um desrespeito com a dor da
família de Campos discutir seu substituto na eleição presidencial. "Nossa
posição é deixar essa questão para depois do sepultamento", reiterou.
Enquanto os aliados evitam falar
sobre a substituição da cabeça de chapa do PSB, a equipe que cuida da produção
do primeiro programa que vai ao ar na próxima terça decidiu que o tempo da
coligação será de homenagem ao candidato.
TSE pode avaliar adiamento de horário
São Paulo. O presidente do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), ministro Dias Toffoli, afirmou no fim da tarde de
ontem, que a Corte poderia analisar o adiamento da propaganda eleitoral
gratuita caso haja um consenso entre todos os partidos envolvidos na disputa à
Presidência da República.
O candidato do PV à presidência,
Eduardo Jorge, disse mais cedo que iria pedir ao TSE a suspensão da propaganda
eleitoral, em razão da morte do candidato do PSB, Eduardo Campos.
"Os prazos são fixados por
lei e, portanto, são obrigatórios. O que poderia ser analisado pela Justiça
eleitoral seria um consenso entre todas as candidaturas", afirmou Toffoli,
destacando que a decisão dependeria da análise do colegiado do TSE. Se apenas
uma ou duas candidaturas se manifestarem nesse sentido, disse o presidente da
Corte, não haveria fundamento legal para fazer a alteração. O horário eleitoral
gratuito está previsto para ter início no próximo dia 19, terça-feira. A data é
anterior ao final do prazo que a coligação Unidos pelo Brasil, que lançou
Campos à Presidência, tem para apresentar substituto no pleito.
Toffoli afirmou ainda que o prazo
de dez dias para apresentação de um substituto começou correr desde ontem.
"Do ponto de vista formal, seria necessário a identificação do corpo e a
comunicação ao TSE. Mas como todos os envolvidos já reconheceram que ele estava
no voo, já há o que chamamos de fato público e notório", afirmou o
ministro. Ele lembrou que a substituição deve ser decidida pela maioria
absoluta das executivas dos partidos que compõem a coligação e não há
necessidade de realizar uma nova convenção. No decorrer do prazo de dez dias, a
regularidade da coligação sobrevive. Assim como a candidatura da vice, Marina
Silva. Os registros de candidatura são feitos separadamente para partido e
coligação, candidato e vice-candidato.
"Não há mais cabeça de
chapa. Esse registro para candidato a presidente fica dependendo de
substituição", afirmou Toffoli.
Fonte: Agência Brasil.
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