Papa pede diálogo para
fim de protestos no Brasil
RIO DE JANEIRO - O papa Francisco
afirmou neste sábado que os líderes devem trabalhar sobre as questões
levantadas pelos protestos no Brasil e pediu aos padres de todo o mundo que
deixem sua zona de conforto para servir os mais pobres e necessitados. - Em
discurso aos líderes culturais e empresariais do Brasil no Theatro Municipal do
Rio de Janeiro, Francisco disse que o diálogo construtivo é "fundamental
para enfrentar o presente", em sua primeira menção direta aos protestos. -
Em junho, milhares de manifestantes tomaram as ruas das principais cidades do
país para protestar contra a baixa qualidade dos serviços públicos e corrupção,
entre outros temas. A maior parte dos manifestantes é composta por jovens. "Entre
a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo.
O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e
receber, permanecendo abertos à verdade", disse o papa. - Ele pediu aos
líderes para não ficarem surdos diante "dos gritos por justiça (que)
continuam ainda hoje" e, em uma aparente referência à corrupção, falou
sobre "a tarefa de reabilitar a política". Francisco recebeu no palco
alguns indígenas brasileiros e foi presenteado com um cocar de penas. - O papa
começou seu penúltimo dia no Brasil incitando os padres a saírem de suas zonas
de conforto e irem às ruas e favelas. - "Não podemos ficar encerrados na
paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando o
Evangelho", disse ele durante a missa celebrada na Catedral Metropolitana
do Rio de Janeiro. Desde sua eleição em março como o primeiro papa não europeu
em 1.300 anos, Francisco tem cobrado que os líderes da Igreja pensem menos em
suas próprias carreiras na Igreja e ouçam mais o choro dos famintos, para
preencher seus vazios material e espiritual. - "Não se trata simplesmente
de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta a fora para procurar e
encontrar", disse.
CARDEAL DAS FAVELAS
Conhecido como o "cardeal
das favelas" em sua Argentina natal, por causa de seu estilo de vida
austero e as visitas a áreas pobres, Francisco fez uma convocação ao clero para
que assuma riscos e circule entre os fiéis mais necessitados. - "É nas
favelas que nós devemos ir procurar e servir a Cristo", disse, fazendo
referência a Madre Teresa de Calcutá. - Milhares de pessoas buscam ver o papa
argentino desde sua chegada ao Brasil na segunda-feira para os eventos da
Jornada Mundial da Juventude. - O primeiro papa latino-americano está
claramente entusiasmando, num momento em que a Igreja Católica, que já foi uma
força inabalável no continente, se esforça para manter seus fiéis. - Na
sexta-feira à noite, em uma reunião na praia de Copacabana, ele exortou os
jovens a mudar um mundo onde a comida é jogada fora enquanto milhões de pessoas
passam fome, onde o racismo e a violência ainda afrontam a dignidade humana e
onde a política está mais associada com a corrupção do que o serviço público. -
Durante uma visita a uma favela do Rio na quinta-feira, ele pediu aos moradores
para não perder a confiança e não deixar que sua esperança se extinga. Muitos
jovens no Brasil viram isso como um apoio às manifestações pacíficas com o
objetivo de trazer mudanças. Na favela, ele publicou o primeiro manifesto
social de seu jovem pontificado, dizendo que o mundo rico tem que fazer muito
mais para acabar com as grandes desigualdades entre os que têm e os que não
têm. - A Jornada Mundial da Juventude termina no domingo, quando Francisco
preside a missa de encerramento, antes de regressar a Roma à noite.
Fonte: - Reuters.
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