sábado, 20 de julho de 2013

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 20 DE JULHO DE 2013



COMENTÁRIO
Scarcela Jorge

POLÍTICOS ESTRANHOS AOS PLEITOS DO POVO.
‘Questão de conscientização popular’

Nobres:
É atribuição formal dos diretórios dos partidos da base aliada fazerem indicações que são claramente destituídas de legitimidade e credibilidade. Centralizando ações do Congresso Nacional que vota em nomes que são publicamente rejeitados por milhares de eleitores partes ativos do conceito público e de formadores de opinião. Falando de forma mais simples e direta: por que os partidos e o Congresso e, não raro, o Executivo decide de costas para a sociedade civil. Antevendo a estas questões de ordem costumai tem-se a imediata resposta plausível, técnica e essencialmente politica, mesmo por que - a sociedade é irrelevante na eleição e reeleição da maioria dos parlamentares no Brasil e as reações às decisões tomadas ao longo do mandato pelos presidentes, tampouco pesam quando disputam a reeleição. Os partidos não representam a sociedade e o Brasil voltou a ter currais eleitorais sólidos, que permitem às oligarquias partidárias se reproduzirem no poder, independentemente da opinião pública. Os partidos estão voltados para si mesmos e basta-lhes manejar os redutos que garantem a suas lideranças o monopólio de suas cadeiras. Há, portanto, uma deficiência estrutural em nosso sistema representativo e que vem se agravando. Descreveríamos em mote que esta legislatura representa o ápice da manifestação dessa falha estrutural. Mas há, também, um problema pelo lado da sociedade que não conseguiu desenvolver mecanismos de mobilização, manifestação de sua indignação e repúdio à ordem política vigente que faça diferença. Exceção, somente agora conseguiu enfrentar a alienação da parte pouco ativa da sociedade, que antes tolerava o intolerável, se acomodava e, mesmo discordava do que se passa e se indignando. Desde o momento que as manifestações provocadas pela sociedade vieram somar sua voz à indignação pública. Em outras palavras, encontraram ao que parece uma forma de manifestação até agora utilizadas pela sociedade ativa da opinião pública, parece ter sido, ora relevante para mudança dessa ordem política e para convencimento da sociedade brasileira de que ela precisa agir por essas mudanças. O Brasil tem diante de si duas tarefas críticas para construir uma democracia ampliada, verdadeiramente representativa, participativa e na qual a voz da opinião pública tenha consequências para as atitudes dos Três Poderes. Em particular, na qual o Legislativo e o Executivo, formados pelo voto popular, ouçam e respeitem a voz da sociedade especialmente quando os interesses mais afetados pela decisão manifestem opinião clara em determinada direção. A primeira “empreitada” diante de todos é pensar de forma inovadora sobre as falhas estruturais de nossa democracia representativa. Significa ir muito além que se discute com o nome de reforma política. É preciso pensar mais além, inclusive na adequação das formas partidárias às exigências da democracia no século XXI. - Pensar no uso mais intenso das tecnologias de mobilização e participação nas eleições, na democratização do Legislativo, hoje a mais oligárquica e deteriorada de nossas instituições políticas. Mas não podemos esquecer o Executivo, que também é eleito pelo vogo direto popular. Vivemos verdadeiros colapso dos serviços públicos, mas a ouvidorias públicas e privadas fazem ouvidos surdos aos milhões de reclamações que recebem. E ninguém é demitido. Por exemplo. As agências reguladoras foram desmontadas, hoje são totalmente inoperantes, todo mundo anda indignado com o mau funcionamento das telecomunicações, dos aeroportos, com o estado das estradas. E nada acontece, ninguém é demitido. Os setores que mais atingem a sociedade é a clara deficiência dos serviços da saúde, educação, infraestrutura onde atribuições pertinentes aos seus entes governamentais, onde a escasseis de recursos é prova evidente e, quando esses recursos chegam, são claramente desviados pelos gestores municipais, embora este anunciado seja de conhecimento público mesmo que seja proclamado pelos Tribunais, em seguida acobertados pelo manto protetor de alguns lideres de poder de mando e caem na impunidade. Não acontece nenhuma mudança. Isso é falha da democracia e de governança por parte do Executivo. E ausência absoluta de fiscalização parlamentar “que se colaboram”.  No caso das ouvidorias e das audiências públicas, é claro que não funcionam. As primeiras, hoje, ou são ineptas, ou estão capturadas pelos interesses daqueles que deveriam estar fiscalizando e punindo. Punições que envolvam menos multas e mais demissões dos gestores responsáveis pela má prestação dos serviços públicos. As audiências públicas são vergonhosamente manipuladas, seja ignoradas, quando, quase por milagre, são representativas e chegam a conclusões que contrariam os arranjos já realizados para impor as decisões supostamente em debate, portanto em aberto. Nesses casos, o Judiciário tem sido entre omisso e conivente. Mas é verdade, também, que tem sido menos provocado pela sociedade do que deveria. A reclamação ao Judiciário é um direito e sua resposta em tempo hábil um dever da magistratura. Há anos, reclama-se da morosidade do Judiciário e se discute a necessidade de reformas e medidas. Mas nada de relevante se faz. - O Brasil não dispõe de mecanismos de transparência e responsabilização das autoridades cujo poder é delegado pelo povo. Por exemplo, o recall, que equivale à revogação do mandato por desobediência à vontade dos eleitores ou por falha grave na condução dos negócios públicos. As escolhas para o comando das Mesas do Congresso deveriam ser objeto de consulta popular, no caso de haver uma petição com assinaturas por pelo menos 1% do eleitorado. As posses só poderiam ocorrer após o referendo popular. - A petição, por exemplo, rejeitando a escolha do presidente do Senado cumpre essas condições, é de conhecimento público e foi entregue ao Congresso. E daí? Renan Calheiros que representa em tudo que se rejeita por razão de seus antecedentes: - Ele tomou posse e presidiu a uma das mais importantes decisões que cabe ao Congresso, envolvendo o poder de veto presidencial e o pacto federativo. Precisamos de uma cláusula constitucional que determine o referendo popular dessas eleições internas, quando contestadas por número significativo de eleitores, como foi o caso. Provavelmente a história seria outra. No alargamento desta questão conceituamos: não há sistema eleitoral ou de financiamento de campanhas que resolva esses problemas estruturais da representação. Eles requerem mudanças no próprio cerne da democracia representativa, tal como ela vem sendo praticada deste o final do século 19. A nossa história contém numerosos exemplos de manipulação de plebiscitos. O mais eloquente o do desarmamento e o desmembramento do estado do Pará. Objetivamente precisamos usar mais tecnologia para desenvolver mecanismos de controle social democrático da governança. E, de novo, não defendo a odiosa interferência na liberdade de imprensa que essa noção de controle social tem acobertado recentemente. Requeremos o controle social do Legislativo e do Executivo por mecanismos de acesso à informação, revogação de mandatos e de abertura de novos canais de voz para a opinião pública nas decisões não-rotineiras dos poderes constituídos pelo voto popular. E não consideramos essa agenda de mudanças esgotadas. Ao contrário, precisamos refletir e discutir mais, por fora dos escaninhos mentais convencionais, sobre as mudanças necessárias à democratização de nossa sociedade e nossa política. - Pelo lado da sociedade, é preciso que os movimentos sociais, as organizações da sociedade civil, os indivíduos ativos e participantes façam profunda autocrítica. Se os políticos são capazes de resistir à pressão social é porque há falha na estrutura política, mas também porque essa pressão tem sido ineficiente.
Antônio Scarcela Jorge.





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