segunda-feira, 29 de julho de 2013

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 29 DE JULHO DE 2013



COMENTÁRIO
Scarcela Jorge

ESPELHO EXISTENCIAL.

‘descrição e opinião sobre a passagem do Papa Francisco’ 

Nobres:
Deixando de lado as questões setoriais já que aqui, “bem dizia” uma personalidade folclórica da terrinha – “É o centro das atenções do universo – “a exceção das exceções” – não é atoa o estado de desleixe em que se encontra, entre outros. Para um “Brasil um pouco diferente” mesmo contagiado pelo mundo da corrupção, naturalmente há momentos de magnitude que a sociedade é centralmente participativa contanto que a euforia com que o papa Francisco foi recebido nas ruas das cidades mostra que o povo já sabe distinguir quem é quem. Que já sabe a quem festejar com alegria sã e a quem apupar com a ira santa do protesto. Se o ocupante daquele carro que ficou trancado junto a uma fila de ônibus na maior avenida do Rio, fosse algum dos nossos governantes ou dos nossos políticos, qual seria a reação popular ao reconhecê-lo? Sei apenas que o ocupante principal jamais abriria os vidros do carro nem acenaria sorridente para a multidão! Francisco fez tudo isto por seu estilo de vida, não por demagogia vazia e vã. Desde que, com João XXIII, a partir de 1958 a Igreja libertou-se das amarras medievais e do horror da Inquisição, não se via um papa tão humilde e humanizado quanto ele. Nem o asceta Paulo VI ou o simpático Wojtyla. - Tempos depois, quando criticou o "neoclericalismo rigoroso e hipócrita" dos padres que não batizavam crianças nascidas fora do casamento, renascia o humanismo cristão. - Agora, na viagem para a Jornada Mundial da Juventude, a humildade inata apareceu já pela TV, ao vê-lo subir a escada do avião, em Roma, ele próprio levando sua imensa pasta preta. Ao entrar, deu a mão às duas aeromoças. Aqui, na pompa do poder (em que até vereador se trata de "vossa excelência") quem faria isto? - “Ora esta gente depois de eleita não passa a falar com ninguém”. - Na chegada, beijou na face a presidente Dilma, algo que nenhum Papa fizera em público com mulher alguma em vez do postiço protocolo, humanizou o encontro. Depois, as espontâneas cenas de rua que a TV mostrou, e que só ocorreram porque "falhou" o esquema de segurança. Nenhum anjo levou o carro-guia por caminho errado, mas o caos de 30 mil homens mobilizados para distanciá-lo do povo, não para protegê-lo. No palácio do governo estadual, recebido pelo "alto mundo" político e empresarial, respondeu às boas vindas da presidente Dilma com um breve discurso. - Não tenho ouro nem prata, mas trago Jesus Cristo!- disse à frente de um milhar de pessoas que, em boa parte, só pensam e agem em função de ouro e prata e estão recheadas de metal. Logo, a solidariedade cristã foi o tema da missa de abertura da Jornada. Na favela de Varginha, fixou os olhos quando o representante dos moradores narrou que só reformaram as ruas depois que se soube que o Papa iria lá. Entendeu o recado e exortou a não perder a esperança ante a corrupção: "A realidade pode mudar", disse. A chuva evitou que visse a devastação da mata e da área de mangues de quase 2 milhões de metros quadrados (antes com micos, capivaras e garças) na qual a prefeitura carioca gastou R$ 24 milhões em drenos e aterros para construir o Campo da Fé. São Francisco de Assis teria chorado. O lodaçal levou a transferir a grande missa final. O Papa não veio ao Brasil para substituir-se aos governantes, mas para incentivar os jovens a não se deixarem corromper "pelo deus dinheiro", como frisou para os argentinos. Foi aplaudido sempre. Mas, quem concretizará suas mensagens e denunciará os "mercadores da morte", a lógica do poder do dinheiro, o narcotráfico, a corrupção que atravanca a justiça social e a solidariedade? - Para realizar o que ele prega teremos governantes que, no Rio, foram incapazes de organizar o trânsito, evitar a paralisação dos trens do metrô e que devastaram a própria obra da Criação. O Papa parte e ficamos nós, cheios de nós. – Se conclui que é uma contradição eletiva dos nossos governantes e com apoio de segmentos da sociedade.
Antônio Scarcela Jorge.


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