"O Congresso
inviabilizou a reforma política", diz Marina Silva.
Ex-senadora e idealizadora da Rede
defende maior diálogo com a sociedade antes de fazer reforma política
Marina Silva foi taxativa ao
afirmar
que o Congresso é o responsável pelo fracasso das diversas tentativas de
reforma política. Segundo ela, a pressão das manifestações é o combustível para
que a reforma seja finalmente realizada. "O Congresso inviabilizou a
reforma política e agora a sociedade dá sustentabilidade política para que a
reforma seja feita", disse ela. - Questionada se a responsabilidade
é do Congresso, Marina respondeu: - "Mas
é claro! O deputado Henrique Fontana (PT-RS, relator da Comissão Especial de
Reforma Política da Câmara) havia feito um trabalho a duras penas no Congresso
e o projeto foi engavetado pelo PMDB com a conivência da base do governo. E
ainda apresentaram um projeto casuístico com um só ponto para tirar 35 segundos
dos partidos que estão sendo criados. Reduziram a reforma política a 35
segundos", afirmou. - Para ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, o
atual formato do plebiscito proposto pela presidente Dilma Rousseff resultará
em uma reforma política que aumenta o monopólio dos partidos políticos. - “O
que estão propondo é para dar mais verticalização e maior monopólio para os
partidos políticos”, disse Marina. Para a idealizadora da Rede, os
parlamentares precisam consultar mais a sociedade antes de encaminhar. "O
Congresso não é a resposta, ele é uma ferramenta. Se for apenas entre o Palácio
e o Congresso, eles não entenderam nada." - Marina esclarece que acredita
na necessidade de uma consulta popular, mas que não concorda com as perguntas e
nem como ele foi decidido. "Não estou contra o plesbicito, estou contra a
maneira que ele está sendo feito." - Em sua campanha presidencial de 2010,
Marina defendeu a criação de uma constituinte para elaborar uma reforma
política, proposta igual a defendida incialmente por Dilma, e depois retirada.
A ex-senadora disse ter amadurecido a ideia e que, após conversar com juristas,
entende que a proposta não seja a ideal, mas que também não concorda com que o
próprio Congresso elabore a reforma. "Quando os políticos viram uma
classe, eles perdem a legitimidade para mediar os embates entre diferentes
classes", defendeu.
Novo partido:
Marina criticou os atuais
políticos que lutaram pela democratização do País na década de 1980 e agora não
escutam o que a juventude está pedindo nas ruas, repetindo a forma tradicional
de fazer política. “Nós influenciamos muito esses jovens que vão às ruas.
Agora, além de decepcionar essa juventude, ainda querem desautorizar. Se você
tem uma agenda, você consegue conversar com esse novo sujeito político em vez
de querer encapsula-lo.”
Manifestações
Marina voltou a atribuir as
manifestações que acontecem em todo País ao "novo sujeito político"
que ela identifica na juventude atual, o que ela chama de "novo
ativismo". Para a ex-senadora, os jovens que vão às ruas não se identificam
com as entidades clássicas como partidos e sindicatos, e procuram uma maneira
direta de participar politicamente. - A ex-senadora alerta para que o momento
não se perca em uma "fragmentação" de bandeiras, que pode levar o
movimento a se perder sem produzir mudanças. “Qual é o problema do novo
ativismo? É de se fragmentar, de virar uma coisa hedonista.”
Rede
Marina, que articula a criação de
seu novo partido, a Rede Sustentabilidade, rejeita o rótulo de pré-candidata à
Presidência em 2014 e critica o adiantamento da agenda eleitoral. "Não se
pode mais disputar o poder pelo poder, é preciso um intervalo para poder se
discutir sobre o que se fazer sobre saúde, educação", afirmou. - A
ex-senadora disse que os apoiadores da Rede não se identificam com os rótulos
de "oposição e situação", pois no atual jogo político, "oposição
por oposição só vê defeitos e situação por situação só vê as qualidades",
e é preciso enxergar, além disso, defendendo as coisas boas que estão sendo
feitas e exigindo melhorias no que está ruim. - Mesmo após recolher as 500 mil
assinaturas necessárias para abrir a Rede, Marina busca ainda mais adesões, já
contando com o descarte de 40% das fichas, e para isso procura um total de 800
mil apoios até o dia 10 de julho.
Fonte: IG.
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