SORTEADOS PARA
RELATORIA DO PROCESSO DE CUNHA APONTAM INDÍCIOS 'FORTES'.
Conselho de Ética abriu processo para investigar presidente da Câmara.
Dos 3 sorteados, presidente do conselho escolherá 1 para fazer relatório.
Os deputados José Geraldo (PT-PA) e Vinicius Gurgel
(PR-AP) – dois dos três sorteados nesta terça-feira (3) pelo Conselho de Ética
da Câmara para integrar a lista tríplice da qual sairá o relator do processo de
cassação do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
– afirmaram que há indícios “fortes” contra o peemedebista.
O processo, que pode resultar em absolvição, censura,
suspensão ou cassação do mandato de Cunha, foi
instaurado na tarde desta terça pelo Conselho de Ética. Agora, o
presidente do órgão, deputado José Carlos de Araújo (PSD-BA), escolherá, entre
os três nomes sorteados, quem relatará o processo o terceiro é Fausto Pinato
(PRB-SP). Ao final da sessão do conselho, os três deputados disseram que, se
escolhidos, aceitarão a função.
Caberá a um elaborar, em até dez dias, um parecer
preliminar defendendo a continuidade ou o arquivamento da apuração.
Investigado pela Operação Lava Jato, o presidente da
Câmara é acusado pelo PSOL e pela Rede Sustentabilidade de ter mentido
em depoimento à CPI da Petrobras em março, quando disse não possuir contas
bancárias no exterior.
Documentos
enviados pelo Ministério Público da Suíça ao Brasil mostram que
Eduardo Cunha e familiares têm contas bancárias no país europeu. O Supremo
Tribunal Federal autorizou abertura de inquérito para investigar as suspeitas
contra o peemedebista.
O pedido de investigação foi lido no plenário do
Conselho de Ética. Este procedimento significa que o processo está instalado.
Único petista a ser sorteado para o posto, José
Geraldo disse ver indícios “fortes” contra Eduardo Cunha.
“Olha, as evidências são bastante. E quem está dizendo
não somos nós, membros da comissão, são os delatores. Agora, nós temos que agir
com isenção, fazer o nosso trabalho. Vou agir como membros da comissão têm que
agir. Vocês sabem, tem indícios fortes. Se eu for escolhido, vou me debruçar
sobre essa dura tarefa”, ressaltou José Geraldo.
José Geraldo disse ainda que, se for escolhido
relator, deverá ser procurado pela direção do PT para tratar do assunto. Na
última quinta (29), o presidente do partido, Rui Falcão, afirmou
que os petistas que integram o Conselho de Ética votarão de forma “unificada”
no processo que investiga as denúncias contra Cunha.
Indagado sobre se mudaria de posicionamento diante de
um pedido de Rui Falcão, José Geraldo desconversou.
“Provavelmente, não mudaria. Eu não diria pedido,
seriam considerações. Agora, muita água vai rolar. Eu tenho que agir com aquilo
que é o fato. A minha ação tem um tempo, vai demorar. Não adianta eu ficar
falando, porque eu não sou nada. Apenas fui sorteado”, disse o petista.
Outro integrante da lista tríplice para relator,
Vinicius Gurgel disse que, se for escolhido para a função, deverá dar um
parecer preliminar pela continuidade do processo.
“Pelas provas que se apresentam, acredito que não há
chance de defender o arquivamento. Se eu for escolhido relator, vou pedir
auxílio da Procuradoria-Geral e demais órgãos envolvidos nas investigações,
para analisar as fundamentações do requerimento”, adiantou o deputado do PR.
Já o terceiro sorteado, o deputado Fausto Pinato, não
quis emitir opinião sobre as provas apresentadas até agora. “Não posso falar,
porque podem me considerar impedido de relator depois”, disse. Assim como os
demais, ele afirmou que aceitará ser relator, se for nomeado pelo presidente do
Conselho de Ética. “Não é uma tarefa fácil, mas não posso me acovardar”,
afirmou.
Deputados que defendem a cassação de Eduardo Cunha
ouvido pelo G1 demonstraram preocupação com a lista tríplice
que irá definir o relator do processo de quebra de decoro parlamentar no
Conselho de Ética.
A avaliação é de que o deputado petista José Geraldo
pode vir a seguir uma eventual orientação do partido para poupar o mandato do peemedebista,
caso seja selado um acordo para evitar abertura de processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff.
Já em relação a Fausto Pinato e Vinicius Gurgel o
temor é de que, por inexperiência, sejam alvos fáceis de pressão por parte do
presidente da Câmara. Gurgel está em seu segundo mandato, enquanto Pinato está
no primeiro.
Questionado por jornalistas sobre se sua inexperiência
parlamentar poderia prejudicá-lo como relator do processo de cassação de
Eduardo Cunha, Pinato disse que é "independente" e está preparado
para sofrer eventuais pressões se for escolhido relator.
"Eu não tenho nenhuma relação com Cunha, sou
independente. Estou preparado para sofrer qualquer tipo de pressão. Se não
estivesse preparado, não estaria no Conselho de Ética", ponderou Pinato.
Fonte: Agência Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário