Estimativas do mercado para inflação foram divulgadas pelo Banco Central.
Analistas também passaram a prever contração maior do PIB nos 2 anos.
O mercado financeiro subiu para 9,99% sua estimativa
de inflação para este ano. Para 2016, a previsão dos economistas avançou para
6,47% – ou seja, quase no limite do teto do sistema de metas de inflação
brasileiro, segundo o relatório de mercado, também conhecido como Focus. O
documento, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (9), é fruto de
pesquisa com mais de 100 instituições financeiras na semana passada.
Para 2015, a expectativa dos economistas é que o
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, feche o ano em
9,99%, beirando a marca dos 10%. Na semana anterior, a taxa esperada era de
9,91%. Se confirmada a estimativa, representará o maior índice em 13 anos, ou
seja, desde 2002 – quando ficou em 12,53%.
Essa foi a oitava alta seguida no indicador. O BC
informou recentemente que estima um IPCA de 9,5% para este ano. Segundo
economistas, a alta do dólar e, principalmente, dos preços administrados (como
telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros)
pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada
pelos ganhos reais de salários, segue pressionando os preços.
Para 2016, os economistas das instituições financeiras
elevaram sua expectativa de inflação de 6,29% para 6,47% na última semana. Foi
a 14ª alta seguida do indicador que continua se distanciando da meta central de
4,5% fixada para o ano que vem e que passou a ficar muito próxima do limite de
6,5% do sistema de metas de inflação.
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para
2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA
pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo
que não acontece desde 2003.
Recentemente, o BC admitiu que não conseguirá trazer o
IPCA para a meta central de 4,5% no próximo ano. Segundo a autoridade
monetária, isso será possível somente em 2017. Na semana passada, o diretor de
Política Econômica do Banco Central, Altamir Lopes, informou que, apesar da
desistência da autoridade monetária de trazer o IPCA para 4,5% em 2016, que ele
permanecerá
dentro da banda do sistema de metas, ou seja, abaixo de 6,5%. "A
inflação estará contida no intervalo do regime de metas em 2016", disse
ele na ocasião.
Produto
Interno Bruto.
Ao mesmo tempo, o mercado financeiro também passou a
estimar uma retração maior da economia em 2015 e, também, no ano que vem.
Para o PIB deste ano, o mercado financeiro passou a prever
uma retração de 3,10%. Foi a 17ª revisão para baixo consecutiva do indicador.
Até então, a expectativa era de uma contração um pouco menor neste ano: de
3,05%. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 –
quando foi registrada uma queda de 4,35%.
Para 2016, os economistas das instituições financeiras
aumentaram de 1,51% para 1,90% a expectativa de contração na economia do país.
Esta foi a quinta queda seguida na previsão do mercado para o PIB do próximo
ano.
Se a previsão se concretizar, será a primeira vez que
o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica
oficial, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), têm início
em 1948.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em
território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e
serve para medir o comportamento da economia brasileira. No mês passado, a
"prévia" do PIB do BC indicou uma contração de 2,99% até agosto.
No fim de agosto, o IBGE informou que a economia
brasileira registrou retração de 1,9% no segundo trimestre de 2015 em relação
aos três meses anteriores, e o país entrou na chamada "recessão
técnica", que ocorre quando a economia registra dois trimestres seguidos
de queda. De janeiro a março deste ano, o PIB teve baixa de 0,7% (dado
revisado).
Taxa de
juros.
Após o Banco Central ter mantido os juros estáveis em
14,25% em outubro, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa
de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de 2016, a
estimativa subiu de 13% para 13,25% ao ano – o que pressupõe redução, embora
menor, da taxa Selic ao longo do ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC
para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação
brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos
pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o
que pode contribuir para o controle dos preços.
Câmbio,
balança e investimentos.
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado
financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 permaneceu em R$ 4 por dólar.
Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio ficou
estável em R$ 4,20.
A projeção para o resultado da balança comercial
(resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 subiu de US$
14 bilhões para US$ 14,6 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão
de superávit avançou de US$ 26,3 bilhões para US$ 29 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos
estrangeiros diretos no Brasil caiu de US$ 64,6 bilhões para US$ 62,3 bilhões.
Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte permaneceu inalterada em
US$ 60 bilhões.
Fonte: G1 – DF.
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