quinta-feira, 12 de novembro de 2015

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - QUINTA-FEIRA, 12 DE NOVEMBRO DE 2015

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge.

DRAMA POLÍTICO APRECIADO POR UM GOVERNO CORRUPTO.

Nobres:
Não obstante da gravidade do quadro econômico e do empobrecimento real, o país vive uma fase de inércia econômica que pode comprometer seriamente o desempenho da economia em 2016, ano em que a população aumentará novamente em um milhão e seiscentos mil habitantes. Se o PIB de 2016 não se recuperar, o empobrecimento prosseguirá e poderá passar a barreira dos 5% da renda nacional. Para a maior parte da população, esses números todos podem não ser bem compreendidos em sua ordem de grandeza, mas muitos são os economistas e especialistas alarmados com a deterioração da situação social derivada da realidade econômica. O Brasil é tolerante demais com os problemas e lento demais em enfrentar suas próprias tragédias. Apesar do péssimo cenário, há uma inércia econômica geral, em parte provocada pela crise política e pela destruição da ética pública; a Operação Lava Jato, ao contrário do que pessoas próximas ao governo alegam, não é causa do problema, mas meramente a exposição escancarada da nossa crise moral. A inércia começa com o envio ao parlamento de proposta orçamentária para 2016 com déficit primário de R$ 30,5 bilhões, cuja solução foi transferida pelo Executivo aos parlamentares, que estão paralisados ante a falta de saída. O que a presidente Dilma pretendia com essa manobra “maquiavélica” era levar o parlamento a aprovar aumento de alguns impostos e a recriar a CPMF. Porém, dada a dificuldade de carregar a população com mais tributos, o que seria gravíssimo diante do empobrecimento real médio, ninguém sabe qual será o orçamento federal para 2016. O governo da União acenou com uma reforma administrativa para reduzir gastos e melhorar a eficiência da máquina estatal, divulgou alterações tímidas na composição dos ministérios e secretarias, e afirmou que seriam diminuídos os custos com a burocracia estatal. Infelizmente, mais uma vez, o barulho foi maior que os ganhos reais. A economia de dinheiro com as mudanças é desprezível e incapaz de contribuir significativamente para reduzir o déficit orçamentário. Nem o governo nem o parlamento demonstram saber o que fazer, e ainda desconhecemos com que regras devem planejar as nossas vidas e seus negócios, fazendo que o ambiente de incerteza seja mais um desestímulo aos negócios e aos investimentos privados.  Tem se revelado bastante pequena a capacidade do sistema político brasileiro, especialmente os poderes Legislativo e Executivo, em compreender os aspectos técnicos da crise, adquirir a convicção de sua gravidade e adotar a ação política necessária para tirar a nação do caos em que se encontra. Prova da inércia está, também, na falta de solução estrutural para a crise financeira das duas previdências sociais, a dos servidores públicos e da dos trabalhadores privados, e o descaso com que é tratada a constatação de que o Brasil continua em último lugar de competitividade entre os países do G20. Apenas esses problemas deveriam ser suficientes para provocar ampla mobilização política dos representantes do povo no governo e no parlamento e tirá-los do letargo em que se encontram. Infelizmente, ao contrário das nações desenvolvidas, o Brasil é tolerante demais com os problemas e lento demais em enfrentar suas próprias tragédias.
Antônio Scarcela Jorge.

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