terça-feira, 10 de novembro de 2015

GREVE DOS CAMINHONEIROS ATINGE O SETOR ECONÔMICO DO PAÍS



PROTESTO DE CAMINHONEIROS ATINGE 12 ESTADOS, DIZ MOVIMENTO.

Entidades da categoria criticam mobilização que usa caminhoneiros para "o caos".


Caminhoneiros realizam nesta segunda-feira (9) um protesto com bloqueio em rodovias de diversos estados. Os manifestantes foram convocados pelo Comando Nacional do Transporte por meio das redes sociais, e têm como bandeira críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff. 

Eles pedem, inclusive, o afastamento da mandatária. Entidades da categoria criticaram o ato, alertando que é imoral “qualquer mobilização que se utiliza da boa fé dos caminhoneiros autônomos para promover o caos”. O movimento informou que há manifestações 12 estados -- São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

De acordo com um dos líderes do ato no Rio Grande do Sul, Fábio Roque, o grupo não é ligado a sindicatos ou federações. “Somos apartidários e sem cunho político. Nós lutamos pela salvação do país, e isso só será feito a partir da deposição da presidenta Dilma, seja por renúncia ou por impeachment”, disse à Agência Brasil.

“Muitos caminhoneiros não estão na rodovia, mas parados em casa”, disse Roque. “Nossa preocupação é com o risco de pessoas contrárias ao nosso movimento usar de má fé e atentar contra a vida de pais de família”, acrescentou.

Até o final da manhã, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informava que não havia registro de grandes problemas nas rodovias em função do protesto. O órgão deve divulgar no final do dia um balanço com locais onde houve interdição.

Entidades da categoria divulgaram notas em crítica ao protesto. A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA)  classificou como imoral “qualquer mobilização que se utiliza da boa fé dos caminhoneiros autônomos para promover o caos no país e pressionar o governo em prol de interesses políticos ou particulares, que nada têm a ver com os problemas da categoria”. 

A entidade disse não poder admitir que “pessoas estranhas, sem histórico algum de representação da categoria, utilizem-se do respeito que o caminhoneiro conquistou junto à opinião pública pela força e importância que exercem na economia do país”, e que paralisações, greves e protestos são legítimos desde que organizados por entidades sindicais com prerrogativa legal, e deflagradas por meio de deliberação em assembléia geral.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), entidade filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), disse que os caminhoneiros estão sendo usados em prol de interesses políticos, e que o grupo não representa e não tem compromisso com a categoria.

“Os caminhoneiros não precisam de mobilização para derrubar governo. Os caminhoneiros precisam de mobilização para regulamentar frete e preço de frete, para melhorar as condições de trabalho como pontos de parada com estrutura adequada, confortável e segura para atender suas necessidades.

Quem realmente representa os interesses da categoria está trabalhando e lutando para concretizar as reivindicações dos caminhoneiros”, disse a entidade por meio de nota.

Fábio Roque rebateu as críticas das entidades: “A crítica que eles fazem ao nosso movimento é a prova de que eles estão do lado do governo e, por isso, não têm credibilidade com a classe.”

São Paulo.

Em São Paulo, os caminhoneiros ocupam, neste momento, três faixas da pista expressa da Marginal Tietê, no sentido Rodovia Ayrton Senna. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), por volta das 13h, o comboio estava na altura da Ponte Jânio Quadros, no bairro Vila Maria, zona leste paulistana. Iniciado por volta das 11h, o protesto provocou lentidão de 15 quilômetros (km) na Tietê, da Ponte dos Remédios ao Arco da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

Um vídeo publicado do Comando Nacional do Transporte, grupo que convocou os protestos, mostra uma fila de caminhões fazendo buzinaço. Nos pára-brisas dos veículos, estão escritas mensagens que pedem a saída da presidenta Dilma Rousseff. “Seu governo não tem mais legitimidade. O seu partido provocou a destruição do Brasil”, diz a mensagem do comando na mesma rede social.

Não foram identificadas nas postagens as reivindicações especificamente para a categoria.

Governo.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, disse nesta segunda-feira (9) que os caminhoneiros em greve não apresentaram uma pauta de reivindicações e que a paralisação tem como objetivo o desgaste político do governo. De acordo com ele, o governo respeita as manifestações e está aberto ao diálogo, mas não recebeu pauta para negociação.

“No nosso entender, essa é uma greve que atinge pontualmente algumas regiões do país e, infelizmente, um movimento que tem se caracterizado com uma aspiração única de desgaste político do governo. Se tivermos uma pauta de reivindicação, como tivemos em outros momentos, o governo sempre estará aberto ao diálogo. Agora, uma greve que se caracteriza com o único objetivo de gerar desgaste ao governo, ela vai de encontro aos interesses da sociedade brasileira”, disse Edinho Silva em entrevista no Palácio do Planalto.
Fonte: Agência Brasil.

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