quarta-feira, 8 de outubro de 2014

RELIGIÃO CATÓLICA - MATRIMÔNIO

 DOM ODILO: 'HÁ O DESEJO DE AGILIZAR O PROCESSO DE RECONHECIMENTO DA NULIDADE MATRIMONIAL'.

Arcebispo de São Paulo diz que essa pode ser a principal mudança do Sínodo dos Bispos sobre a Família.

RIO - Principal motivo de discórdia entre representantes de alas conservadoras e progressistas da Igreja Católica antes do Sínodo Extraordinário dos Bispos sobre a Família, que começou nesta segunda-feira no Vaticano, o reconhecimento da nulidade do matrimônio religioso em caso de divórcio civil começa a ganhar força no encontro, que acontece até o dia 19 de outubro. Considerado conservador nas suas posições, o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, afirmou, em entrevista ao GLOBO por e-mail, que essa é a principal perspectiva de mudança entre os temas discutidos da reunião de que ele participa.

- Há o desejo de simplificar e agilizar os processos de reconhecimento da nulidade matrimonial. Nisso poderá haver mudanças nos próximos anos - disse o cardeal, que é membro do Conselho Ordinário do Sínodo, que voltará a se reunir em 2015.

A declaração de Dom Odilo segue a linha da ‘relatio ante disceptationem’ (relatório precedente ao debate), apresentada pelo cardeal húngaro Peter Erdo, Presidente-delegado do Sínodo. No documento, é sugerida a hipótese de que, em certos casos, o próprio bispo diocesano possa formular uma declaração de nulidade matrimonial, em via extrajudicial.

“Os divorciados recasados civilmente pertencem à Igreja, precisam e têm o direito de ser acompanhados por seus pastores. Em cada igreja deve haver um sacerdote ‘devidamente preparado, que possa prévia e gratuitamente aconselhar os casais sobre a validez de sua união’. Depois do divórcio, esta verificação deve prosseguir no contexto de um diálogo pastoral sobre as causas do fracasso do matrimônio precedente, identificando as razões da nulidade. Se tudo isso se der na seriedade e na busca da verdade, a declaração de nulidade libertará as consciências de ambas as partes”, diz o texto lido pelo cardeal Erdo, arcebispo de Budapeste.

Combatente da Teologia da Libertação, Dom Odilo foi um dos principais nomes cotados para assumir o pontificado após a renúncia de Bento XVI, no conclave que elegeu o Papa Francisco, em 2013. Se em relação à nulidade do casamento o cardeal já admite a perspectiva de avanços, em outros temas, como o uso de métodos contraceptivos, a exemplo de preservativos, ele reafirma a posição tradicional, ainda que grande parte dos católicos não siga as recomendações da Igreja a esse respeito:

- Para a Igreja, a questão dos contraceptivos não se resolve pela estatística sobre a sua aceitação ou não; coloca-se aí uma questão de valores, como o significado humano do sexo e da sexualidade, a procriação e a transmissão da vida, o respeito profundo pela pessoa.

Em relação à união homoafetiva, que não é reconhecida pela Igreja, Dom Odilo seguiu a linha moderada do discurso do Papa Francisco de que "os homossexuais não devem ser discriminados e devem ser integrados na sociedade":

- Os homossexuais são convidados a viverem a sua fé, da mesma forma como as demais pessoas. Eles não são excluídos da Igreja. Como a todos os outros cristãos, a Igreja também propõe a eles um estilo de vida que se conforme aos valores do Evangelho.

Fonte: Agência O Globo.


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