Arcebispo de São Paulo diz que essa pode ser a principal mudança do
Sínodo dos Bispos sobre a Família.
RIO - Principal motivo de
discórdia entre representantes de alas conservadoras e progressistas da Igreja
Católica antes do Sínodo Extraordinário dos Bispos sobre a Família, que começou
nesta segunda-feira no Vaticano, o reconhecimento da nulidade do matrimônio
religioso em caso de divórcio civil começa a ganhar força no encontro, que
acontece até o dia 19 de outubro. Considerado conservador nas suas posições, o
arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, afirmou, em entrevista ao GLOBO por
e-mail, que essa é a principal perspectiva de mudança entre os temas discutidos
da reunião de que ele participa.
- Há o desejo de simplificar e
agilizar os processos de reconhecimento da nulidade matrimonial. Nisso poderá
haver mudanças nos próximos anos - disse o cardeal, que é membro do Conselho
Ordinário do Sínodo, que voltará a se reunir em 2015.
A declaração de Dom Odilo segue a
linha da ‘relatio ante disceptationem’ (relatório precedente ao debate),
apresentada pelo cardeal húngaro Peter Erdo, Presidente-delegado do Sínodo. No
documento, é sugerida a hipótese de que, em certos casos, o próprio bispo
diocesano possa formular uma declaração de nulidade matrimonial, em via
extrajudicial.

Combatente da Teologia da
Libertação, Dom Odilo foi um dos principais nomes cotados para assumir o
pontificado após a renúncia de Bento XVI, no conclave que elegeu o Papa
Francisco, em 2013. Se em relação à nulidade do casamento o cardeal já admite a
perspectiva de avanços, em outros temas, como o uso de métodos contraceptivos,
a exemplo de preservativos, ele reafirma a posição tradicional, ainda que
grande parte dos católicos não siga as recomendações da Igreja a esse respeito:
- Para a Igreja, a questão dos
contraceptivos não se resolve pela estatística sobre a sua aceitação ou não;
coloca-se aí uma questão de valores, como o significado humano do sexo e da
sexualidade, a procriação e a transmissão da vida, o respeito profundo pela
pessoa.
Em relação à união homoafetiva,
que não é reconhecida pela Igreja, Dom Odilo seguiu a linha moderada do
discurso do Papa Francisco de que "os homossexuais não devem ser
discriminados e devem ser integrados na sociedade":
- Os homossexuais são convidados
a viverem a sua fé, da mesma forma como as demais pessoas. Eles não são
excluídos da Igreja. Como a todos os outros cristãos, a Igreja também propõe a
eles um estilo de vida que se conforme aos valores do Evangelho.
Fonte: Agência O Globo.
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