Paulo Roberto Costa afirmou em depoimento à Justiça que pool de cerca de
10 empresas comandava processos. Três delas estavam envolvidas em
superfaturamento de R$ 367 milhões.
Nos depoimentos que prestou à
Justiça Federal do Paraná, o ex-diretor de abastecimento e refino da Petrobras,
Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, afirmam que existia um cartel
de aproximadamente dez empresas privadas que combinavam preços e dividiam entre
si obras a serem executados pela companhia. Era justamente esse cartel que,
segundo Costa, possibilitava o abastecimento financeiro de pelo menos três
partidos: PT, PMDB e PP. As companhias negaram as acusações de Costa.
Os depoimentos de Costa e
Youssef, cujas gravações foram divulgadas nesta quinta-feira pelo site do
jornal O Estado de S. Paulo, foram prestados nesta semana ao juiz federal Sérgio
Moro, como parte das investigações da Operação Lava-Jato. Costa afirmou,
durante as investigações, que cerca de 3% dos volumes pagos por obras da
Petrobras eram repassados diretamente ou indiretamente (por meio de integrantes
da diretoria da Petrobras) a membros do PT, PMDB e PP. Dois terços desse
montante, ou seja, 2%, conforme Costa, eram repassados ao PT.
No seu depoimento, Costa afirma
que as obras da Petrobras eram comandas por um cartel e citava como integrantes
desse cartel empresas como Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Galvão
Engenharia, Iesa, Engevix, Mendes Junior, UTC, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão.
Algumas delas envolvidas em grandes obras da Petrobras como a Refinaria Abreu e
Lima, em Pernambuco e a Premium I, no Maranhão. Conforme Costa, essa
cartelização gerava sempre um preço excedente.
Segundo o ex-diretor de
Abastecimento e Refino da Petrobras, entre 15% e 20% do valor das obras da
Petrobras eram destinados ao lucro líquido destas empresas envolvidas no
cartel. Outros 3% era a faixa de propina destinada pelas companhias a
integrantes de partidos como o PT, PMDB e PP. “Ficou claro para mim esse, entre
aspas, acordo prévio entre as companhias em relação às obras. Existia
claramente e isso me foi dito pelas empresas que havia uma escolha de obras
dentro da Petrobras e fora da Petrobras. Por exemplo, usina hidrelétrica de tal
lugar, neste momento qual empresa está mais disponível para fazer? E essa
cartelização obviamente resulta num delta preço (diferença de preço)
excedente”, disse Costa aos investigadores.
No depoimento, Costa afirma que,
com a formação desse cartel, era possível se criar uma margem de lucro para
essas empresas a ponto delas repassarem propina para membros do governo e
também havia um direcionamento das licitações. Na prática, as empresas alternavam
quem venceria as licitações da Petrobras, conforme as revelações de Costa.
Com uma margem de lucro, mais o
percentual destinado aos partidos, Costa afirma que os valores destinados ao PP
eram levantados diretamente pelo ex-líder do partido, o deputado federal José
Janene. Após a morte de Janene, os valores destinados aos partidos eram
operados diretamente pelo doleiro Alberto Youssef, conforme Costa. Os valores a
serem repassados ao PT eram levantados pelo João Vaccari Neto, por meio do
diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque.
Duque, conforme Costa foi uma
indicação do ex-ministro Chefe da Casa Civil José Dirceu, preso por
envolvimento no escândalo do mensalão. Já os recursos ao PMDB eram operados
pelo lobista Fernando Soares, conforme Costa mediado também pela diretoria
internacional. Na época, a diretoria Internacional era comanda por Nestor
Cerveró, indicado pelo PMDB.
Auditoria do Tribunal de Contas
da União (TCU), por exemplo, apresentada recentemente, aponta que quatro
contratos assinados pela Petrobras somente pela Camargo Corrêa, Odebrecht e OAB
para a construção da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, que está sendo
alvo de investigação da Operação Lava-Jato, foram alvo de superfaturamento na
casa dos R$ 367 milhões. Na auditoria, o TCU já havia detectado pagamentos
indevidos feitos às empreiteiras.
Em notas oficias, as empresas
classificaram como caluniosas e mentirosas as informações prestadas por Paulo
Roberto Costa. A Odebrecht, por exemplo, disse que nunca fez qualquer pagamento
a membros da Petrobras e que está à disposição das autoridades para maiores
esclarecimentos. Já a representante da Camargo Corrêa, afirmou que repudia as
informações “sem provas” e que todos os contratos com a Petrobras foram obtidos
por meio de “licitações públicas”.
A Mendes Júnior disse que não se
pronuncia sobre processos em andamentos. A Andrade Gutierrez informou que, nos depoimentos
“não há qualquer envolvimento da companhia com os assuntos relacionados com as
investigações”. A Queiroz Galvão informou que desconhece o teor dos
depoimentos. Os representantes das demais empresas não foram localizados.
Fonte: Reuters –
Brasília DF.
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