ASSOCIAÇÕES DE IMPRENSA REPUDIAM ATAQUE A PRÉDIO DA
EDITORA ABRIL EM SÃO PAULO.
Sede da empresa, que publica "Veja", foi pichada na noite de
sexta-feira.
SÃO PAULO - O ataque à
sede da editora Abril, que publica a revista "Veja", na noite desta
sexta-feira, foi duramente criticado por
jornalistas e associações de imprensa. A fachada do prédio, na Marginal
Pinheiros, em São Paulo, foi pichada. A depredação seria uma resposta à
reportagem de capa da revista, publicada
na última quinta-feira, que afirma que o ex-presidente Lula e a presidente
Dilma estariam cientes de atos de corrupção praticados na Petrobras, segundo
depoimento do doleiro Alberto Youssef à Justiça do Paraná.
Em nota, o atual presidente da
Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), José Roberto de
Toledo afirmou que "defende a liberdade de expressão sem limitações. Essa
liberdade só existe quando todos, sem exceção, expressam seus pontos de vista -
concorde-se ou não com eles. A contrapartida dessa liberdade é a
responsabilização perante a lei de quem expressou esses pontos de vista.
Qualquer veículo de imprensa tem o direito de publicar o que apurou. Quem não
concorda com o publicado tem o direito de protestar - respeitados os limites
legais. Excessos de parte a parte devem ser julgados e, se for caso, punidos
pela Justiça.".
A Associação Brasileira de
Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) afirmou em nota que “repudia veementemente
os ataques”. - “A Abert acompanha com preocupação episódios como o de
sexta-feira, pois a entidade considera grave qualquer “ato de intimidação à
liberdade de imprensa”“. A Abert lembra que a Declaração de Chapultepec, da
qual o Brasil é signatário, aponta uma imprensa livre “como uma condição
fundamental para que as sociedades resolvam os seus conflitos, promovam o
bem-estar e protejam sua liberdade”, disse a associação em nota.
Em nota, o diretor executivo da
ANJ, Ricardo Pedreira, qualificou a ação como “uma lamentável tentativa de
intimidação própria de quem não sabe conviver na democracia e num país com
liberdade de imprensa”.
A Associação Brasileira de
Imprensa (ABI) também emitiu nota sobre o caso, qualificando como
“inconstitucional” a decisão do TSE que impediu a veiculação de publicidade da
edição. Assinada pelo presidente da entidade, Domingos Meirelles, o texto diz
que a ação do TSE “além de extemporânea, fere a liberdade de imprensa, agride o
Estado de Direito e conspurca os princípios que regem a atividade econômica em
nosso país”. Ainda para a organização, o argumento do tribunal é “inconsistente
e falacioso”. O ataque foi igualmente condenado pela organização.
Segundo um representante da
editora que registrou boletim de ocorrência no 14º DP, cerca de 200 pessoas
participaram do protesto, na sexta-feira. Um caminhão de som União da Juventude
Socialista, ligada ao PCdoB, também estaria no local. Três pessoas foram
detidas pela Polícia Militar, levadas para a delegacia e liberadas em seguida.
Além de picharem os muros do prédio com dizeres como “Veja mente”, também
rasgaram revistas e jogaram lixo na porta da editora.
Neste sábado, o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) atendeu pedido de liminar da coligação da candidata Dilma
Rousseff e proibiu a revista “Veja” de fazer publicidade da edição deste fim de
semana. De acordo com a decisão do ministro do TSE, Ademar Gonzaga, a revista
Veja está proibida de utilizar rádio, televisão, outdoors e link patrocinado
para divulgar a capa.
Fonte: Jornal O Globo.
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