COMENTÁRIO
SCARCELA JORGE.
Nobres:
A democracia brasileira já evolucionou demais para uma
campanha presidencial ficar reduzida ao anacronismo da luta de classes, que o
país já ultrapassou há muito tempo. Embora algumas lideranças menos preparadas
queiram transformar a disputa eleitoral num confronto de pobres contra ricos,
ou de uma região geográfica contra outra, o povo brasileiro não vai cair nesta
armadilha, até mesmo porque os desequilíbrios sociais que ainda existem e não
podem ser ignorados têm sido sistematicamente combatidos desde a conquista da
estabilidade econômica. As próprias pesquisas de opinião pública entendem que,
no dia 26, a eleição será decidida em boa parte por uma classe média
intermediária, disposta a assegurar conquistas dos últimos anos, mas sem abrir
mão de avanços sob o ponto de vista de qualidade de vida. O bom senso,
portanto, recomenda que essas pretensões sejam devidamente levadas em conta
pelos candidatos em disputa no segundo turno. Foi dessa parcela da sociedade,
que hoje tenta assegurar conquistas ameaçadas pela instabilidade econômica, que
muitos jovens saíram recentemente às ruas lutando por mais qualidade de vida no
cotidiano. Alguns pressupostos de um salto nessa área, como melhorias no
transporte urbano, mais segurança, maior eficiência na saúde e na educação, seguem
entre as pretensões dos brasileiros. Mesmo assim, nem sempre merecem o destaque
apropriado por parte dos candidatos. “Certifica-se”, assim, a merecer maior
atenção nos planos de quem pretende comandar o país. Com as propostas deixadas
de lado, envolta aos ataques pessoais, se tornam naturalmente obscuras. Ao
contrário; quanto mais isso ficar intensamente claro, mais a democracia ficará próxima
dos anseios do povo.
Antônio Scarcela Jorge.
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