RIO DE JANEIRO - O candidato do
PSDB à Presidência, Aécio Neves, afirmou que seu programa de governo é
"uma obra em permanente construção", mas disse que não pode abdicar
do que acredita, ao ser questionado se faria concessões em troca do apoio da
terceira colocada no primeiro turno, Marina Silva (PSB).
"Todas as sugestões que puderem
aprimorar o nosso programa serão muito bem-vindas. Quando se busca um apoio no
segundo turno, ele não pode nos levar também a abdicar daquilo que acreditamos
que seja essencial para o país", disse o tucano a jornalistas nesta
quinta-feira no Rio.
Emissários de Marina vão entregar
à campanha de Aécio na sexta-feira, no Rio, um documento em que a ex-candidata condiciona
o seu posicionamento individual ao tucano no segundo turno a uma lista de
compromissos.
A posição de Marina pode,
inclusive, divergir da postura adotado pela Rede Sustentabilidade, partido que
ela tentou criar no ano passado, que se posicionou de modo “absolutamente
consensual” contra a presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição e
enfrenta Aécio no segundo turno, e “a favor das mudanças que o Brasil precisa
realizar”.
Uma demanda que será feita por
Marina a Aécio envolve a revisão da proposta de campanha do PSDB de reduzir a
maioridade penal para reincidentes e crimes hediondos, tema que inclusive
habitou programas eleitorais do tucano na TV.
Segundo Aécio, seu programa de
governo não fala em acabar com a maioridade penal. "(A proposta) se refere
à possibilidade de ouvir o Ministério Público, o promotor da criança e do
adolescente naquele caso que o juiz possa considerar extremamente grave, que o
juiz possa definir como processar com base no Código Penal", disse Aécio.
"Isso, na verdade,
implicaria numa mudança do sistema atual para menos de 1 por cento dos jovens
acima de 16 anos hoje em casas de correção, portanto, não é o fim da maioridade,
essa é a proposta do senador Aluysio Nunes (vice na chapa de Aécio), que me
parece que sinaliza na direção da diminuição da impunidade."
O tucano reiterou que vê mais
semelhanças do que diferenças entre as propostas de Marina e as do PSDB.
"Há muito mais convergência
entre aquilo que tenho ouvido e lido em relação a propostas não oficiais ainda
da candidata Marina, de pessoas de seu círculo, muito mais afinidades do que
divergências, mas não recebi ainda essas propostas", disse o tucano.
Aécio insistiu que qualquer
sugestão programática deve ser no sentido de aprimorar o programa de governo
dos tucanos. "Se formos buscar reconstruir um projeto desde o início, nós
não estamos fazendo uma aliança. A aliança tem que acontecer em torno do
essencial, e o fundamental hoje são as mudanças."
PSB (legenda de Marina), PV, PSC,
PPS e PSDC já anunciaram apoio formal a Aécio no segundo turno.
"Estou extremamente feliz e
honrado com apoios que recebi até aqui... Eu não sou mais o candidato do PSDB
ou da nossa aliança inicial, eu sou o candidato da força da mudança, da força
que quer encerrar esse ciclo perverso", disse ele, referindo-se ao atual
governo.
PETROBRAS
Aécio afirmou ainda que as
denúncias de corrupção na Petrobras com desvio de dinheiro para políticos
"agora chega de forma institucional" ao PT.
O ex-diretor de Abastecimento da
estatal Paulo Roberto Costa afirmou, em depoimento na quarta-feira à Justiça
Federal, que grandes empresas fecharam contratos com a estatal por anos com
sobrepreço médio de 3 por cento, e que a maior parte do dinheiro foi repassada
para PT, PP e PMDB. Por meio de nota, PT e PP negaram as acusações de Costa,
enquanto o PMDB disse que não iria comentar o caso.
"Aquilo que era chamado pelo
governo de mau feito, de desvio de conduta, de caráter, do que quer que fosse,
agora chega de forma institucional ao partido político", disse Aécio.
"Não é a oposição que está
denunciando, é um diretor indicado por este governo e um doleiro que atuava
dentro deste esquema que dizem que esse esquema alimentava diretamente o
partido que está no governo. Em qualquer país do mundo isso seria provavelmente
o maior escândalo da história", completou o tucano.
Fonte: Reuters.
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