As ações preferenciais da Petrobras tiveram a queda mais expressiva, com
desvalorização de 10,92%, a R$ 14,52.
São Paulo. No
primeiro pregão após a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), o Ibovespa,
principal índice da Bolsa brasileira, fechou o dia com desvalorização de 2,77%,
em 50.503 pontos, puxada pela queda recorde das ações da Petrobras.
O dólar subiu para níveis
historicamente altos. A moeda à vista, referência no mercado financeiro, subiu
2%, alcançando R$ 2,5211, maior cotação desde 29 de abril de 2005. O comercial,
usado em transações do comércio exterior, fechou o dia em R$ 2,523, com alta de
2,64%, a maior variação desde setembro de 2011.
O volume financeiro no pregão foi
de R$ 16,8 bilhões, acima da média do mês de outubro, que é de R$ 10,7 bilhões
até o dia 23. Para analistas, o reflexo da eleição no mercado foi menor do que
o esperado. Isso porque, dizem, o mercado não trabalhava com níveis tão altos,
preparando-se para a vitória da presidente Dilma. Além disso, a sinalização de
mais diálogo com o mercado também contribuiu para a redução das perdas durante
o dia.
Mas o dia começou com estresse.
Logo após o leilão inicial de ações, papéis de estatais derretiam na Bolsa
brasileira, que chegou a cair mais de 6% no Ibovespa, às 10h20, quando o índice
atingiu a marca de 48.722 pontos. Ao longo do dia, essa queda brusca se
reverteu.
Na visão de Pedro Paulo Silveira,
economista-chefe da TOV Corretora, um dos motivos de a queda ter sido menor do
que imaginava a média do mercado foi o fato de o mercado não estar trabalhando
tão alavancado.
"A média do mercado já
trabalhava com a hipótese de vitória da Dilma, então não tentou antecipar com
muito volume uma eventual vitória do Aécio e, por isso, o mercado não abriu no
pânico que se esperava", disse.
Para o analista analista-chefe da
Spinelli Corretora, Elad Revi, a sinalização da presidente reeleita Dilma
Rousseff (PT) de que quer se aproximar do mercado, além da possibilidade de
mudanças na política econômica, fizeram com que a queda da Bolsa brasileira não
se acentuasse durante todo o dia. "A sinalização passa credibilidade, mas
ainda não é algo efetivo", pondera.
Além disso, o mercado já tinha
precificado a vitória da presidente Dilma, com a Bolsa amargando pesada queda
na semana passada. Como o mercado vai se comportar daqui para a frente vai
depender da definição da equipe econômica.
Petrobras despenca
Das 70 ações negociadas na BM&FBOVESPA,
52 fecharam em baixa e 18 em alta. No "kit eleições", as ações
preferenciais da Petrobras, as mais negociadas, tiveram a queda mais expressiva
do dia, com desvalorização de 10,92%, a R$ 14,52, e os papéis ordinários - que
dão direito a voto- registraram queda de 10,38%, a R$ 14,07.
As ações ordinárias da Eletrobrás
encerraram em queda de 10,20%, a R$ 5,46. E as ações do Banco do Brasil caíram
de 5,24%, a R$ 24,40.
Câmbio
A alta do dólar durante esta
segunda-feira, primeiro dia de negócios depois da reeleição da presidente Dilma
Rousseff, ficou aquém das expectativas do mercado. A avaliação é do
especialista em câmbio da Icap Brasil, Ítalo Santos.
"O mercado esperava um
estresse maior, mas o investidor estrangeiro continua colocando dinheiro no
País para pegar essa taxa de juros alta", afirma.
Reginaldo Galhardo, gerente de
câmbio, da Treviso Corretora, concorda que a presidente tem que ser rápida em
algumas atitudes, como na escolha do ministro da Fazenda. "É importante
ela mostrar que está atenta aos anseios do mercado e do Brasil inteiro",
afirma.
Opinião do especialista
Até onde o câmbio pode ir?
Na verdade, faz tempo que o dólar
precisava ser corrigido (em relação ao real). A alta de hoje (ontem), o mercado
já esperava, mas chegar aos R$ 2,70, como alguns analistas chegaram a
preconizar, acho exagero. No momento, diante de tantas indefinições políticas e
econômicas, é difícil fazer uma projeção para o preço futuro da moeda americana
no Brasil, até porque não sabemos quanto o governo injetou (vendeu) hoje
(ontem), e quanto pretende injetar de dólar na economia, assim como já vinha
fazendo para evitar uma disparada da moeda. E isso vem ocorrendo porque quanto
maior, mais alto o valor do dólar, mais impactos gera na inflação, tendo em
vista que ainda temos muitos produtos com componentes e insumos importados. No
entanto, avalio que chegaremos ao fim do ano com o dólar a R$ 2,60, até porque
o real está se depreciando e o dólar sendo valorizado no mundo todo, em
decorrência da recuperação da economia americana. Mas o (preço) limite está
atrelado às políticas econômicas a serem anunciadas pelo novo governo Dilma.
Serão medidas ortodoxas, claras, que o mercado já espera, ou virão medidas
heterodoxas? Para tranquilizar o mercado, a primeira medida a ser adotada é
indicar logo o ministro da Fazenda.
Fonte:
Reuters.
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