terça-feira, 14 de outubro de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - TERÇA-FEIRA, 14 DE OUTUBRO DE 2014

COMENTÁRIO
SCARCELA JORGE.

RACIOCÍNIO ÉTICO.

Nobres:
A menos de duas semanas do segundo turno das eleições presidenciais, a campanha descamba perigosamente para a troca de acusações entre candidatos e lideranças partidárias. A consequência mais danosa disso é a divulgação de ataques misturados a inverdades, com o contágio imediato de parte do eleitorado. É lamentável que líderes históricos dos partidos envolvidos na disputa, principalmente o anarquismo petista, naturalmente surgido de suas bases em sua maioria antiética, ao invés de contribuir para a qualificação do debate, realimentem a troca de ofensas e rebaixar o debate, foi o que vemos no primeiro turno. Acirra-se, na etapa decisiva da eleição. A diferença desta vez é que, com apenas dois competidores, as agressões são amplificadas também pela fúria radical de integrantes das redes sociais. O país assiste a um duelo sem precedentes. A democracia não foi reconquistada, a muito custo, para que os brasileiros testemunham atitudes que desrespeitam a política e as instituições. O que o país aguarda, desde o início da campanha do primeiro turno, é o confronto de ideias e projetos. Tal anseio não significa que uma discussão de bom nível elimine a crítica entre oponentes. É assim também, com as tentativas de apontar pontos frágeis, contradições e equívocos dos adversários, que os candidatos contribuem para a formação da opinião de quem, pelo voto, decidirá a eleição. O que não pode ocorrer é a transformação de um debate numa luta feroz em torno de questões sem relação direta com o que está em jogo na eleição. Interessa ao eleitor saber quem começou as estocadas e como deve ser a intensidade da reação dos que se sentem agredidos. É igualmente relevante apontar as origens de tanta baixaria. Basta sentir a reação da população eleitoral e está tendo por base a resposta incisiva. Uma trégua, mesmo que pareça improvável, poderia livrar os candidatos e seus seguidores mais radicais de um desgaste que não poupará a imagem de nenhuma das partes e provavelmente da própria política. Os dois partidos, que se enfrentam pela sexta vez, devem considerar que o desgaste que os atinge decorre também da incapacidade de fazer com que as ideias preponderem em relação às agressões. As semanas restantes até a eleição de 26 de outubro oferecem aos candidatos a chance de poupar os eleitores da repetição cansativa da tática do ódio da primeira etapa do pleito. O vale-tudo chegou ao limite. O país merece um pouco mais de grandeza e sensatez para consolidar sua democracia. O povo racional que acompanha todo o processo eleitoral tem por avaliar a decorrência dos fatos que certamente elegerá a magnitude destas eleições.
Antônio Scarcela Jorge.

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