COMENTÁRIO
SCARCELA JORGE.
RACIOCÍNIO ÉTICO.
Nobres:
A menos de duas semanas do segundo turno
das eleições presidenciais, a campanha descamba perigosamente para a troca de
acusações entre candidatos e lideranças partidárias. A consequência mais danosa
disso é a divulgação de ataques misturados a inverdades, com o contágio
imediato de parte do eleitorado. É lamentável que líderes históricos dos
partidos envolvidos na disputa, principalmente o anarquismo petista,
naturalmente surgido de suas bases em sua maioria antiética, ao invés de
contribuir para a qualificação do debate, realimentem a troca de ofensas e
rebaixar o debate, foi o que vemos no primeiro turno. Acirra-se, na etapa
decisiva da eleição. A diferença desta vez é que, com apenas dois competidores,
as agressões são amplificadas também pela fúria radical de integrantes das
redes sociais. O país assiste a um duelo sem precedentes. A democracia não foi
reconquistada, a muito custo, para que os brasileiros testemunham atitudes que
desrespeitam a política e as instituições. O que o país aguarda, desde o início
da campanha do primeiro turno, é o confronto de ideias e projetos. Tal anseio
não significa que uma discussão de bom nível elimine a crítica entre oponentes.
É assim também, com as tentativas de apontar pontos frágeis, contradições e equívocos
dos adversários, que os candidatos contribuem para a formação da opinião de
quem, pelo voto, decidirá a eleição. O que não pode ocorrer é a transformação
de um debate numa luta feroz em torno de questões sem relação direta com o que
está em jogo na eleição. Interessa ao eleitor saber quem começou as estocadas e
como deve ser a intensidade da reação dos que se sentem agredidos. É igualmente
relevante apontar as origens de tanta baixaria. Basta sentir a reação da
população eleitoral e está tendo por base a resposta incisiva. Uma trégua,
mesmo que pareça improvável, poderia livrar os candidatos e seus seguidores
mais radicais de um desgaste que não poupará a imagem de nenhuma das partes e
provavelmente da própria política. Os dois partidos, que se enfrentam pela
sexta vez, devem considerar que o desgaste que os atinge decorre também da
incapacidade de fazer com que as ideias preponderem em relação às agressões. As
semanas restantes até a eleição de 26 de outubro oferecem aos candidatos a
chance de poupar os eleitores da repetição cansativa da tática do ódio da
primeira etapa do pleito. O vale-tudo chegou ao limite. O país merece um pouco
mais de grandeza e sensatez para consolidar sua democracia. O povo racional que
acompanha todo o processo eleitoral tem por avaliar a decorrência dos fatos que
certamente elegerá a magnitude destas eleições.
Antônio Scarcela Jorge.
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