PLANALTO ISOLA EX-ALIADOS DE CUNHA NA DISPUTA PELA CÂMARA.
O Governo não pretende dar aval as candidaturas de ex-aliados do ex-presidente da Câmara mesmo se a candidatura de (DEM-RJ) for barrada no STF.
O presidente Michel Temer afirma que o Planalto se
manterá neutro na disputa pela Câmara dos Deputados, porém auxiliares atuam nos
bastidores para esvaziar as candidaturas.
Embora o presidente Michel Temer diga oficialmente que
o governo se mantém neutro na disputa pelo comando da Câmara dos Deputados,
seus auxiliares com melhor trânsito partidário atuam para esvaziar as candidaturas
vinculadas ao Centrão e descartam apoiar os nomes do bloco informal que se
apresentaram até o momento.
O Palácio do Planalto não pretende dar aval aos
deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO) – ex-aliados do
deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – mesmo se a candidatura do atual
presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), for barrada no Supremo Tribunal
Federal (STF).
Rosso, que tem sido tratado com deferência por Temer,
não conta, porém, com a adesão do próprio PSD, partido que, nos bastidores, apóia
Maia.
A avaliação é de que o deputado do Distrito Federal se
lançou por sua conta e risco. Em conversas reservadas, auxiliares do presidente
consideram que ele pode desistir do páreo.
O outro nome do Centrão, Jovair Arantes, é visto como
“imprevisível” e encontra resistência em partidos do bloco como PR e PP, que
negociam mais espaço no governo em eventual reforma ministerial.
O Planalto está convencido de que Maia será reeleito,
apesar das pendências jurídicas que pesam sobre sua candidatura. Também avalia
que os nomes apresentados até agora pelo Centrão não têm condições de fazer
frente ao parlamentar do DEM.
A leitura no governo é de que o agrupamento partidário
perdeu força após a cassação e prisão de Cunha, acusado de envolvimento em
desvios na Petrobrás. Para o Planalto, o bloco informal nunca foi homogêneo e
atuaria na Câmara mais como um grupo de pressão do baixo clero do que focado
nas reformas planejadas para 2017.
Rosso e Jovair também são considerados nomes que não
aglutinam a base aliada.
Na hipótese de Maia ser impedido de assumir um segundo
mandato, circula no primeiro escalão uma “lista de emergência” com os nomes
alternativos: Heráclito Fortes (PSB-PI), Marcos Montes (PSD-MG), Antonio
Imbassahy (PSDB-BA) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
O Solidariedade e o candidato do PDT, André Figueiredo
(CE) o único da oposição até o momento –, questionam no STF a possibilidade de
o atual presidente da Casa tentar renovar o mandato.
O pedido se baseia em parecer da assessoria jurídica
da própria Câmara que defende o veto à reeleição de presidentes-tampão dentro
da mesma legislatura. O parecer foi emitido em julho, antes da eleição do
deputado do DEM.
Maia, por sua vez, alega que o texto constitucional
não inclui os mandatos-tampão. O Supremo não deve se manifestar antes da
eleição na Casa, marcada para o dia 2 de fevereiro.
Nesta terça-feira, Rosso e Jovair propuseram a
realização de debate entre os postulantes ao comando da Casa. O objetivo é
forçar o Maia a assumir publicamente sua candidatura.
“O povo brasileiro precisa conhecer quem são os
candidatos e quem o Parlamento, com toda a soberania que tem, vai escolher”,
disse Rosso, que protocolou ofício pedindo que a TV Câmara realize um encontro
entre deputados que disputam o cargo.
“O debate é importante, porque nós vamos estar
elegendo não só o presidente da Casa, mas o vice-presidente da República na
linha sucessória. A sociedade tem que saber o que o presidente que vai assumir
a partir do dia 2 de fevereiro pensa”, afirmou Jovair.
Apesar de desestimular as candidaturas dos nomes do
Centrão, o Planalto quer evitar conflitos com o grupo, que reúne cerca de 200
deputados.
Temer pretende fazer uma reforma ministerial enxuta,
mas já indicou que poderá usar a Esplanada para acomodar aliados “feridos” após
a eleição que renovará o comando da Câmara e do Senado.
Se depender do presidente, as mudanças somente serão
feitas depois que o ministro do STF Teori Zavascki, relator da Lava Jato na Corte,
homologar as delações de executivos e ex-diretores da Odebrecht, provavelmente
em meados de fevereiro ou março.
A intenção é evitar “surpresas” desagradáveis, já que
o governo não quer correr o risco de nomear alguém que esteja citado nas
colaborações.
Fonte: G1 – DF.
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