COMENTÁRIO
Scarcela Jorge O CULTIVO DA PENÚRIA.
Nobres:
Chegamos a amarga conclusão de que a pobreza de um
povo não é destino, é obra do próprio povo sempre servil aos caprichos dos
políticos de “lastima corrupta” que cada vez se afirmam neste cenário e homologados
pela “vontade quase absoluta” do eleitorado brasileiro – reveste-se numa praga
comum. O problema é que o sistema político brasileiro vive mergulhado em suas
questões internas e crises de governabilidade, e isso mantêm o anacrônico corpo
de leis e não consegue aprovar nenhuma reforma relevante. O resultado é a
geração de um ambiente de insegurança jurídica, crise de confiança e travamento
dos investimentos. Esse quadro tem, entre outras, origem nas distorções
produzidas pela própria Constituição de 1988 e leis que a complementaram, que
acabaram transformando o sistema público nas três esferas da federação em um
monstro ineficiente, corrupto e gastador, mais voltado para os benefícios,
vantagens e mordomias de suas estruturas e suas corporações. Um bom exemplo da apropriação do Estado
brasileiro por suas corporações são as notícias abundantes de que, embora o
teto salarial no setor público seja de R$ 33,7 mil, há uma legião de
funcionários nos três poderes recebendo muito acima desse teto sem que nenhum
governo consiga fazer que a lei seja cumprida. Mas esse é apenas um exemplo de
que o setor público tornou-se um gigante incontrolável e voltado mais para si
mesmo do que para aqueles a quem deveria servir: a população. Embora resulte de
uma briga de interesses, Se o Brasil chegar a 2020 com renda por habitante
inferior à de 2010, o país confirmará perante o mundo sua eterna vocação para
desperdiçar oportunidades e manter seu povo na pobreza, apesar de a natureza
ter sido generosa na provisão de recursos naturais abundantes. Mais uma vez, os
analistas e os estudiosos das causas das riquezas das nações seguirão
perguntando como o Brasil consegue manter-se no atraso mesmo dispondo de tantos
recursos e oportunidades para dar a todos os seus habitantes um padrão médio de
bem-estar equivalente aos países desenvolvidos.
Antônio
Scarcela Jorge.
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