COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
FILHOTES DA ARROGÂNCIA.
Nobres:
É que a Polícia Federal entrou nos escritórios da
empresa LFT Marketing Esportivo, de propriedade de Luís Claudio Lula da Silva,
filho do ex-presidente Lula, e de lá retirou documentos e arquivos digitais.
Como não vivemos numa ditadura, mas em um país onde as instituições
democráticas estão vivas e fortes, a ação policial se deu absolutamente dentro
da lei: foi precedida de depoimentos aparentemente confiáveis e de coleta de
registros de anotações e correspondências que apontavam a existência de
indícios de envolvimento de Luís Cláudio em ilícitos. Este conjunto foi
submetido a uma juíza federal que, diante de tudo quanto viu, autorizou a busca
e apreensão na LFT. O que há de errado nisso tudo? Partindo do princípio de que
todos são iguais perante a lei e de que instituições de Estado, como o são a
Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário detêm competência e têm
o dever de dar combate ao crime, o fato de o alvo ser filho de um influente
ex-presidente não o coloca (e nem ao pai) acima da lei. ( mas o Lula é um ser
infalível segunda nação corrupta do PT) mas pelo contrário: exatamente em razão
de suas condições pessoais, ambos deveriam expressar respeito ainda maior pela
ação que culminou com o rastelo nos escritórios do ilustre filho. Não é assim
que, nem de longe, cogita pensar o ex-presidente Lula da Silva, que
imediatamente abriu sua caixa de teorias conspiratórias para fazer-se de vítima
de coordenada atuação que busca envolvê-lo em uma suposta “criminalização do
PT” e a desgastá-lo politicamente para evitar que se candidate outra vez à
Presidência. Por terceiros, tem dado seus recados para responsabilizar
diretamente sua sucessora, Dilma Rousseff, e o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, “incapaz” de controlar a Polícia Federal, da qual é o superior.
As idéias do ex-presidente não condizem com o preceito constitucional e social,
antes, segundo o farsante Lula apregoava. O caminho para se chegar à LFT se
iniciou no âmbito da Operação Zelotes, instaurada para investigar tráfico de
influência e farta distribuição de propinas no Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais (CRF), órgão colegiado que julga contenciosos entre a Fazenda
e contribuintes. E foi aí que se levantaram suspeitas de que até mesmo uma
medida provisória baixada com o objetivo de reduzir a carga de impostos das
montadoras automotivas teria a intermediação de lobistas e de Luís Cláudio. O provérbio sobre a mulher de César obviamente
se aplica também ao restante da família. E a família de Lula tem estado na mira
das autoridades já há alguns dias. A Operação Lava Jato tem investigado as
relações do pecuarista José Carlos Bumlai com Lula da Silva e filhos; a delação
premiada do lobista Fernando Baiano menciona um repasse a uma nora do
ex-presidente. E, puxando-se os fios, chega-se à pergunta: o que têm em comum a
LFT (especializada em marketing esportivo) e uma empresa de consultoria
econômica (a Marcondes & Mautoni) para que esta pagasse à primeira R$ 1,5
milhão? Luís Cláudio diz que prestou serviços de marketing esportivo à M&M,
que na Zelotes aparece como um dos executores do trabalho de sapa que deu
origem à lucrativa MP. Parece honesto? Se não parece, o melhor é investigar
para que se tirem todas as dúvidas e, ao cabo, até se dê um atestado de
inocência e idoneidade para Luís Cláudio e para Fábio Luís, “Lulinha”, também
citado por Fernando Baiano. Antes disso, soa no mínimo despropositado que o pai
dê vazão, sempre por meio de “aliados” a declarações do tipo “a situação passou
dos limites”; ou de que o ministro da Justiça quer apenas “aparecer”; ou a de
que, em nome do combate à corrupção, querem destruir o projeto político do PT. O
aborrecimento manifestado por Lula pela “perseguição” que ele e a família
estariam sofrendo é mais uma prova de que as idéias do ex-presidente não
condizem com a grandeza que se espera de um homem público e com o preceito
constitucional. Lula vê os episódios apenas do alto da arrogância e da sensação
de que está acima de todos, comportamento que, em conjunto com tanto quanto se
viu desde o mensalão e a Lava Jato, passando agora pela Zelotes, apenas deveria
servir para apressar o ocaso político de um líder que despreza as instituições.
Antônio
Scarcela Jorge.
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