quinta-feira, 5 de novembro de 2015

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - QUINTA-FEIRA, 5 DE NOVEMBRO DE 2015

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge

GOVERNO LULISTA ADMITE VANTAGEM ILÍCITA PARA PLEITOS ELEITORAIS.

Nobres:
Numa das raras ocasiões em que aparentou sinceridade, obviamente deixou a mentira de lado, o ex-presidente Lula se definiu por uma “transformação” e usou a expressão quando ainda ocupava o Palácio do Planalto, em 2007, para justificar as contradições entre o antes e o depois, isto é, dos tempos em que ele e o PT viviam aos tempos em que chefiava o governo. O Lula da oposição às políticas econômicas de seus antecessores, o Lula que fazia cerrado combate ao comportamento antiético dos governos e dos políticos já não era o mesmo Lula poucos anos depois. A síndrome da metamorfose não se esgotou. Ao discursar em São Paulo, o ex-presidente confessou: “Nós ganhamos as eleições, sabe, com um discurso e, depois das eleições, sabe, nós tivemos de mudar o nosso discurso e fazer aquilo que nós dizíamos que não íamos fazer. Esse é um fato conhecido de 204 milhões de habitantes e conhecido pela nossa “malfadada” presidente Dilma Rousseff”. Poucas vezes se viu uma admissão pública e tão espontânea de que a reeleição da presidente Dilma, em 2014, se deveu à prática escancarada de estelionato político-eleitoral. Durante a campanha, pregavam-se maravilhas sobre o modo petista de governar e que esta tinha sido a receita para que o país, a despeito de todas as crises globais do período, saísse ileso e mantivesse infindáveis condições para continuar crescendo e diminuindo a distância entre ricos e pobres. Por isso, a candidata reafirmava sua infalível crença nas políticas públicas que ela e seu antecessor empreenderam. A maioria (embora estreita) da população foi às urnas para demonstrar seu repúdio a todos os males que a oposição prometia combater caso fosse eleita. Nada de ajuste fiscal; nada de aumentar juros; nada de reformas estruturais; nada de enxugar a máquina; nada de elevar a carga tributária; nada de extinguir direitos trabalhistas; nada de sacrificar programas sociais; nada de conter gastos com saúde e educação. A desajeitada confissão de Lula traz escondidas suas repetitivas falácias, como a do “eu não sabia” (no auge de seu pedestal, “o chefão” pensa ser filósofo da enganação e faz sentir que o povo é besta) E foi assim que, com este discurso, Dilma foi reeleita e a oposição, anatematizada por encarnar idéias que sepultariam os anos de conquistas inimagináveis que os governos petistas haviam alcançado. Poucos dias depois da eleição, porém, a realidade veio à tona. Revelou-se a situação pré-falimentar das finanças públicas e, uma a uma, todas as promessas de campanha começaram a cair como um castelo de cartas. Foi chamado a agir como síndico da massa falida o economista Joaquim Levy que em nenhuma relação guardava com o lulopetismo. E a ele se deu a tarefa de promover o ajuste fiscal, pelo crescimento da carga tributária, cancelamento das desonerações, alta dos juros, cortes em setores que se dizia “imexíveis”, como a educação, apesar do slogan “Pátria Educadora”. - Primeira mancada, trazer para o ministério o ex-governador do nosso Estado, que contraditoriamente de forma pessoal vai longe os princípios de civilização, “reinou” meteoricamente a frente da Pasta da Educação, obviamente era previsto por aqueles que usam o bom senso. Retomando a nossa temática: - a desajeitada confissão de Lula de que “ganhamos as eleições com um discurso” e depois “tivemos de fazer aquilo que nós dizíamos que não íamos fazer” esconde, no entanto, outra de suas repetitivas falácias. A chave está no “tivemos de”. Quem teria forçado o PT e Dilma a abandonar o discurso que venceu a eleição. Lula não diz. No fundo, trata-se de uma variante do famoso “eu não sabia”. Lula nada sabia sobre o mensalão, nada sabia sobre o petrolão, nada sabia sobre os malfeitos que se desenrolavam sob suas barbas – e agora tenta também passar a imaginação de que ele, o PT e Dilma “não sabiam” da gravidade da situação, muito menos que tinham sido eles os causadores da catástrofe. Foi o que Luís Inácio Adams, o advogado-geral da União, disse ao TCU para justificar as “pedaladas”: que ninguém imaginava que a crise viria. A argumentação acabou rejeitada por unanimidade. Mas a verdade é que o cenário que o país vive hoje tem origens bens conhecidas. Remontam à época em que a crise mundial de 2008 foi interpretada como uma simples “marolinha” que o governo combateria facilmente com contravenenos poderosos: em vez de seguir a dura cartilha ortodoxa que livrou da recessão outros países igualmente (ou mais) afetados pelas bolhas que se seguiram, o governo abandonou todos os fundamentos para se aventurar no que pomposamente chamou de “política econômica anticíclica” aquela que ensinava a fazer tudo ao contrário. Deu no que deu. A economia se desgovernou, a inflação disparou, o desemprego cresceu a recessão não vai nos largar tão cedo.
Antônio Scarcela Jorge.

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