João Vacarri Neto foi preso pela
Lava Jato e está detido no Paraná.
Ele deve falar sobre
irregularidades no Bancoop.
Preso pela Operação Lava Jato desde abril deste ano no Paraná, o
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto chegou na tarde desta quarta-feira (4) à
capital paulista para depor no processo que investiga irregularidades na
Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop).
O depoimento começou às 13h50 no Fórum Criminal da
Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. Além de Vaccari, mais quatro réus
devem ser ouvidos nesta fase de instrução do processo. Um dos réus não foi
encontrado e outros quatro acusados morreram.
Vaccari presidiu a Bancoop entre 1999 e 2009. Nesse
período, segundo o Ministério Público de São Paulo, houve desvios de dinheiro
do banco para financiar o caixa de partidos políticos.
O ex-tesoureiro do PT foi denunciado em 2010 pelos
promotores paulistas, mas o processo só começou a andar em meados de 2015,
quando a Justiça aceitou iniciar uma ação penal contra ele. Para o Ministério
Público, durante a gestão do ex-tesoureiro do PT, o Bancoop perdeu cerca de R$
100 milhões, causando a falência da cooperativa de crédito.
Também pesa contra ele a acusação de que as obras de condomínios financiados pelo Bancoop tenham sido superfaturadas. Com a falência, vários imóveis deixaram de ser entregues aos cooperados. No entanto, o próprio Vaccari e dirigentes do PT chegaram a conseguir ficar com imóveis que foram feitos dentro dos prazos.
A juíza Cristina Ribeiro Leite Balbone Costa negou o
pedido do advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, que representa Vacarri,
para adiar o depoimento porque, segundo ele, o Ministério Público havia
juntado ao processo novas provas, que a defesa não teve acesso.
D'Urso disse que Vaccari está pronto para responder
audiência. "Se eventualmente for realizada a audiência, Vaccari está
preparado para responder", disse o advogado.
Vítima.
< O técnico em eletrônica Marcos Sergio Migliaccio esta
no Fórum da Barra Funda e diz ter sido uma das vítimas do esquema da Bancoop.
Ele é proprietário de um apartamento no edifício
Cacheira, no bairro Lausane Paulista, e conta que em 2006 a cooperativa fez uma
cobrança irregular, extra contratual. A dívida, segundo ele, nunca foi
explicado por Vaccari, presidente da Bancoop na época.
Os cooperados se recusaram a pagar o valor é
questionaram na Justiça à cobrança. A ação foi ganha em primeira e segunda
instância, mas "por conta disso, metade das pessoas não tem escritura
depois de 12 anos", afirmou Migliaccio.
"Isso é uma sujeira contra diversas pessoas que
acreditaram no sindicato dos bancários e nessas pessoas que estavam a frente da
entidade. Essas pessoas investiram as suas economias e até hoje muitas delas
não tem nada".
"Os piores prejuízos são para quem mora em
edifícios inacabados e tiveram que contratar outras construtoras para Finalizar
as obras. Pessoas que estão sem. Nada até hoje. Pessoas que sacaram para fundo
de garantia para pagar a Bancoop e até agora não tem nada", completou.
Prisão em
Curitiba.
João Vaccari Neto está preso em Curitiba desde abril
deste ano por suposto envolvimento no esquema de corrupção, desvio e lavagem de
dinheiro descoberto na Petrobras pela Operação Lava Jato.
Ele é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF)
como um dos operadores da propina paga por donos de empreiteiras que mantinham
contratos com a estatal.
De acordo com a denúncia do MPF, Vaccari
participava de reuniões com Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras,
também detido pela Lava Jato, para tratar de pagamentos de propina, que era
paga por meio de doações oficiais ao PT.
Dessa maneira, os valores chegavam como doação lícita,
mas eram oriundas de propina. Vacarri sempre negou as acusações e afirmou que
as doações feitas ao PT eram lícitas e realizadas com transparência e com
a devida prestação de contas às autoridades competentes.
O ex-tesoureiro do PT já foi condenado em um dos processos que responde em Curitiba, pelos
crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O juiz federal Sérgio
Moro determinou que Vaccari cumprisse pena de 15 anos e 4 meses de prisão.
Atualmente, ele está detido no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região
Metropolitana de Curitiba.
Fonte: G1 – SP.
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