sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O COTIDIANO CORRUPTO INSTALADO NO GOVERNO - COMO RESPOSTA O POVÃO ABSOLVE OS "SAQUEADORES" DA NAÇÃO

 EX-DIRETOR DA PETROBRAS.


Em troca de redução de pena, Paulo Roberto Costa revela detalhes do esquema de desvios na estatal, que também envolve o PMDB e o PP.

“Costa disse que o dinheiro da corrupção na Petrobras vem da cartelização das empresas que trabalham para a companhia e para outros ministérios do governo”. Há um processo de cartelização nas obras da Petrobras e também fora da empresa, pois poucas empresas que tem como fazer refinarias, plataformas, navios de processo, que podem fazer obras como Belo Monte, Angra Três e outras grandes obras, como ferrovias, aeroportos, hidrovias. Fica tudo restrito a essas empresas, que são em torno de dez grandes empreiteiras.
Ele explicou que obras na área de Abastecimento da Petrobras praticamente começaram em 2006:

Uma delas vai ficar pronta em novembro deste ano, a Abreu e Lima (PE), porque quase não tinha projetos. Abreu e Lima começou praticamente em 2007. Quando começou obra ficou claro para mim que havia esse "acordo prévio" entre as companhias em relação as obras. Existia de forma clara que havia escolha de obras. Algumas empresas, presidentes me disseram, que havia escolha de obras dentro da Petrobras e fora da Petrobras, contou, acrescentando:

Essa cartelização resulta num delta de preço excedente. Na área Petróleo e Gás essas
empresas, normalmente, entre custos indiretos e seu lucro, o chamado BDI, colocam algo de 10 a 20% (de superfaturamento),

dependendo da obra, do risco da obra, para esse BDI. Nas obras da Petrobras, o BDI era 15%. Nesse preço se colocava em média 3% a mais, que era alocado para agentes políticos.

E como era esse acerto a prévio? As empresas embutiam o preço que elas queriam? - perguntou Moro.

No BDI a média era de 15% de excedente e já se colocava em média 3% para os políticos. Na Petrobras, em paralelo às áreas de serviços, se pega o cadastro e se faz a licitação. Faz o orçamento básico. O orçamento básico da Petrobras considera valores razoáveis. Como exemplo, obra de R$ 1 bilhão se coloca sobrepreço de até 20%. São valores que a Petrobras considera razoáveis. Se apresentou preço de 25% a mais, normalmente esse contrato não será executado com esse valor, e se chama a empresa para se dar em torno 20%. Abre-se o preço para todas as empresas e ali define-se o primeiro colocado, o segundo, o terceiro colocado. Não quer dizer que se defina o ganhador nesse primeiro momento. Quem deu preço muito abaixo não vai ganhar. Ganha quem deu a média de 20% elucidou o ex-diretor.

O esquema de propinas também acontecia em empresas subsidiárias da Petrobras? - aprofundou-se o juiz.
Na BR não tenho conhecimento, mas o esquema funciona também na Transpetro, onde também tinha repasse para políticos.

- O senhor recebeu propinas da Transpetro?
- Recebi uma parcela. R$ 500 mil. Quem me pagou foi o Sergio Machado, presidente da Transpetro, em 2009 ou 2010, não lembro direito o ano. Da Transpetro recebi numa única oportunidade. Contratação de alguns navios pela Transpetro. Foi me entregue no apartamento dele, no Rio de Janeiro. Saiu em 2012.

- O esquema continuou depois que ele saiu da Petrobras? — insistiu Moro.

- Eu tinha algumas pendências a receber. Eu recebi através de contratos de prestação de serviços com essas empresas. Para justificar repasses, mas valores eram relativos ao 1% que eu tinha que receber do que ficou para trás. Tinha recursos a receber do Youssef.

YOUSSEF REFORÇA PERCENTUAL REPASSADO A DIRETORIA.

Alberto Youssef afirmou à Justiça Federal que todas as empresas que faziam obras para a Petrobras tinham de pagar propina de 1% para a diretoria de Abastecimento e 1% para a diretoria de Serviços. Youssef afirmou que operava apenas os valores correspondentes ao 1% da diretoria de Abastecimento e que sua atuação ocorreu de setembro de 2005 até 2012, quando Costa deixou o cargo. Segundo ele, os 1% da diretoria de Serviços eram operados diretamente por João Vaccari Neto, diretor de Finanças do PT, e que Paulo Roberto Costa não recebia repasses desta diretoria.
- O que era de Brasília ia para Brasília, o que era de Paulo Roberto Costa ia para Paulo Roberto Costa, no Rio de Janeiro - afirmou.

Youssef contou que o operador do PMDB, Fernando Soares, atuava junto com Costa na diretoria de Abastecimento. O doleiro disse que seu papel era emitir notas fiscais, por meio de várias empresas, para os fornecedores da Petrobras. No caso de pagamentos feitos fora do país, seu trabalho era internalizar o dinheiro.

O doleiro afirmou que a Camargo Corrêa não fez repasses diretos para empresas de fachada. Segundo ele, a empreiteira utilizou a empresa Sanko-Sider, contratada por ela para fornecer tubos para a obra da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, para fazer o repasse.

- Devido ao ganho de ter feito o fornecimento, foi pedido à Sanko que repassasse o dinheiro, para que pudessem pagar os agentes públicos e Paulo Roberto Costa - explicou.

Segundo Youssef, inicialmente as reuniões com as fornecedoras da Petrobras, para tratar do pagamento das comissões, eram feitas pelo deputado José Janene (PP), falecido em 2010. Com a morte dele, Youssef passou a participar das reuniões. Além da Camargo Corrêa, Youssef afirmou que pagaram comissões a políticos e participaram do esquema as empresas OAS, UTC, Odebrecht, Queiroz Galvão, Toyo Setal, Galvão Engenharia, Andrade Gutierrez, Iesa, Engevix, Jaraguá Equipamentos e Mendes Junior.

Ele deu o nome dos representantes de cada uma delas. Em alguns casos, o próprio presidente da empreteira participava da negociação com os agentes políticos. Youssef afirmou que as empresas só ganhavam determinada obra se não pagassem a comissão. Além disso, o doleiro acusou as empresas de formarem cartel para decidir quem faria as obras da estatal. Segundo ele, elas se reuniam sempre que a estatal divulgava um pacote de obras. O percentual da propina era negociado antes de as empreiteiras se reunirem para discutir quem seria o "ganhador daquela obra". Perguntado se o pagamento da comissão era informado para as empreiteiras, Youssef foi categórico.

- Era bem colocado sim, muito bem colocado. Era negociado contrato a contrato - disse, acrescentando que se não pagassem havia ingerência política e do próprio diretor, "de forma que ela não faria a obra".

O doleiro afirmou que, além dele, também atuavam no esquema a doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama, Leonardo Meirelles, sócio da Labogen, e Carlos Rocha - os três foram indiciados em processos abertos com base na Operação Lava-Jato.

OUTRO LADO.

Após a divulgação do conteúdo dos depoimentos de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, o PT informou por nota oficial, que o presidente nacional do partido, Rui Falcão, negou as acusações de Costa que a legenda “estranha a repetição de vazamentos de depoimentos no Judiciário, tanto mais quando se trata de acusações sem provas”. Ainda segundo a nota, o partido diz repudiar com “veemência e indignação” as “declarações caluniosas” do ex-diretor de abastecimento da Petrobras, “proferidas em audiência perante o mesmo juiz que, anteriormente, acolhera seu depoimento, sob sigilo de Justiça, no curso de um processo de delação premiada”. A Transpetro por meio de nota à imprensa, também negou as acusações. “O presidente da Transpetro, Sergio Machado, nega com veemência as afirmações feitas a seu respeito pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. As acusações são mentirosas e absurdas. Machado faz questão de ressaltar o seu estranhamento com o fato de que as declarações estejam sendo divulgadas em pleno processo eleitoral. Machado jamais foi processado em decorrência de qualquer dos seus atos ao longo de 30 anos de vida pública. E tomará todas as providências cabíveis, inclusive judiciais, para defender a sua honra e a imagem da Transpetro”, diz o texto.

Fonte: Agência O Globo.

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