Especialistas
explicam que quem está na mídia já sai com vantagem sobre os concorrentes.
A nove meses de o brasileiro ir
às urnas para decidir quem ocupará o Palácio do Planalto, as pesquisas
eleitorais são cada vez mais frequentes. Reconhecidos pela credibilidade, institutos
de pesquisa de opinião, como Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e
Estatística), Datafolha e MDA Pesquisas — apontam os políticos preferidos dos
eleitores.
Embora parte do eleitorado e
mesmo os próprios políticos coloquem as pesquisas eleitorais sob suspeita,
especialistas garantem que elas influenciam e podem até definir uma eleição.
Isso porque, quando publicadas, os candidatos ganham visibilidade em todo o
País, já que o nome fica em evidência e pode direcionar o olhar do eleitor.
Os marqueteiros políticos
explicam que tanto os candidatos como os partidos que estão no governo acabam,
pela exposição maior na mídia, abrindo vantagem sobre os adversários, que têm
que se manter em evidência por outros meios — indo às ruas, usando as redes
sociais ou aparecendo em eventos e lugares que chamem a atenção na imprensa
para serem “lembrados” pelo povo.
O professor e coordenador do
curso de ciências sociais da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) e
especialista do Instituto Millenium, Paulo Moura, garante que o que define a
pesquisa é o noticiário. Quem está na mídia está em pauta e sempre será mais
lembrado do que quem sofre para virar notícia.
- Nós estamos muito longe das
eleições e a maioria das pessoas não está prestando atenção na política, mas
acompanha o noticiário. Quando questionados, percebe-se a diferença nos números
na pesquisa de intenção de voto, quando os nomes são apresentados, na chamada
“pesquisa” estimulada, e na espontânea, aquela em que perguntam apenas em quem
votariam, sem sugerir nomes. Veja o resultado da última pesquisa CNT/MDA de
novembro de 2013 no cenário "estimulado" e "espontâneo".
O abismo entre os pré-candidatos
nas pesquisas eleitorais só passa a ficar equilibrado no início das campanhas
oficiais, três meses antes da eleição, quando os adversários vão a campo e o
governo é proibido de fazer propaganda.
Para o coordenador do curso de
marketing político da USP (Universidade de São Paulo), Victor Aquino, isso
explica por que os candidatos que não estão bem colocados nos levantamentos com
eleitores sempre minimizam seu valor.
- A pesquisa só é boa para quem
aparece em primeiro lugar. Quem está em segundo lugar sai sempre em desvantagem
e repete a mesma coisa: "essa pesquisa só abordou isso, só abordou
aquilo". Sempre relativista.
Voto “útil” x “alienado”
Os especialistas afirmam que as
pesquisas também ilustram o que eles chamam de "voto útil", aquele em
que o eleitor elimina o candidato que não quer que vença votando em seu
concorrente.
Para Moura, “criamos um mecanismo
de voto útil condicionado pela pesquisa, ela influencia a opinião e isso tem um
peso importante".
- Com o segundo turno, muitos
acabam votando para forçar uma segunda disputa e tentam tirar da jogada aquele
candidato que ele não quer passando para a segunda votação.
Já o voto do eleitor chamado,
"no mal sentido, de alienado", segundo Aquino, "é aquele em que
o eleitor indeciso, que não sabe em quem votar, não tem opinião nenhuma sobre
nada, para ele tanto faz ter ou não manifestações, e na hora de votar, ele
acompanha a maioria".
- Ele conversa com a vizinhança e
vota em quem está mais bem colocado nas pesquisas. Uma coisa leva à outra, o
candidato está bem na pesquisa, à avaliação do governo está subindo, então, a
escolha está feita.
OUTRO
LADO.
Não só os eleitores, mas também
os partidos e os políticos também sofrem influência das pesquisas. No caso dos partidos,
a campanha política é toda baseada em pesquisa de comportamento, que não são
iguais às pesquisas de intenção de voto que, como explica Moura.
A pesquisa publicada é a que é
divulgada na imprensa, mas existe outro tipo, encomendada pelos partidos para
orientar estratégias, diz o professor da Ulbra. São essas pesquisas que
orientam as campanhas, e que testam argumentos com técnicas criadas a partir
dessas informações.
Segundo Moura, as pesquisas
publicadas, as que aparecem na mídia, são importantes, mas as pesquisas
próprias dos partidos políticos são essenciais. Para o professor, existem três
elementos importantes para o sucesso de uma campanha eleitoral.
- Pesquisa, pesquisa e pesquisa.
Só depois vem a publicidade e a estrutura de marketing.
VOTOS BRANCOS,
NULOS E A TAXA DE REJEIÇÃO.
Os votos brancos e nulos deveriam
ser motivo de preocupação dos políticos. Para o professor Aquino, “os brancos e
nulos dão evidência do amadurecimento da consciência, ou seja, com eleições de
quatro em quatro anos, se o eleitor anula o voto é porque não está contente com
a situação".
- Ele não está jogando o voto
fora, mas indo contra a situação atual. São neles também que os partidos
deveriam focar.
Outro fator que aparece nas
pesquisas é a taxa de rejeição do candidato. Quem aparece com alto índice de
rejeição já entra no jogo perdendo. De acordo com Paulo Moura, o impacto da
recusa do eleitor em votar em determinado candidato influencia tanto o primeiro
como o segundo turno.
- A rejeição é muito relevante em
uma eleição de dois turnos. No primeiro turno, as pessoas tendem a votar no seu
candidato de preferência. No segundo, as pessoas que não tiveram o seu
candidato levado ao segundo turno votarão prioritariamente contra quem eles não
querem. Daí a rejeição pesa. Se for alta, empurra esse eleitor para o outro
candidato.
O cientista social da Ulbra
explica que "índices de rejeição superiores a 40%, por exemplo,
praticamente inviabilizam um candidato".
- Quer dizer, que ele larga
disputando com apenas 60% de chance.
Fonte: R7.
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