Na avaliação de líderes
partidários ouvidos pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real
da Agência Estado, a crise deflagrada entre a base aliada no Congresso Nacional
e o Palácio do Planalto ainda não compromete as costuras para a campanha de
reeleição da presidente Dilma Rousseff. Apesar de haver um descontentamento
generalizado com a articulação política de Dilma, a rebelião ainda não é
suficiente para fomentar um movimento "Volta Lula". "Não estou
vendo isso (mobilização pedindo a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva à Presidência da República), não estou sentindo isso. E a Dilma tem
uma boa avaliação", resumiu o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN).
Censurados pelo próprio Lula, os
petistas evitam até tocar no assunto. "O ajuizado é falar que isso
(movimento) não prospera", resumiu um cacique do partido. A leitura geral
é que enquanto a presidente Dilma sustentar índices elevados de aprovação
popular, não há motivo para questionar sua candidatura à reeleição. "Ela
tem só que melhorar a articulação política", opinou o líder do PROS na Câmara,
Givaldo Carimbão (AL).
Em meio a uma tensão pré-reforma
ministerial, os ânimos se acirraram entre Executivo e Legislativo a partir da
retenção de R$ 447 milhões de emendas parlamentares de 2013. A insatisfação com
a falta de diálogo com o Planalto provocou o surgimento do "blocão",
formado inicialmente por deputados das bancadas do PMDB, PP, PSD, PR, PTB, PDT,
PROS, PSC e também do oposicionista Solidariedade. No entanto, em uma semana, o
grupo já teve duas defecções: PSD e PDT. Apesar de não integrarem formalmente o
bloco, os dois partidos mantêm as críticas ao governo. "O único momento em
que houve uma relação boa do governo com o Congresso foi no segundo semestre do
ano passado", lembrou o vice-presidente do PDT, André Figueiredo (CE).
Os líderes garantem que nas
últimas conversas que tiveram com o Planalto não foi questionada a candidatura
de Dilma. "Nem discutimos isso, ela (Dilma) é a candidata. Nós tivemos uma
DR (discussão de relação) justamente porque temos uma relação. E todo casamento
tem DR", afirmou o líder do PP, Eduardo da Fonte (PE).
Num tom apaziguador, as
lideranças dizem que o governo "tem tudo para melhorar a relação com o
Parlamento", principalmente se levar em consideração que assuntos
espinhosos podem ser aprovados no plenário. Prova disso é o requerimento em
pauta de criação de uma comissão externa para acompanhar as investigações do
suposto esquema de pagamento de propina da holandesa SBM Offshore a
funcionários e intermediários da Petrobras em negócios envolvendo fretamento de
plataformas. Apresentado pelo DEM, o requerimento ganhou o apoio do
"blocão" e permanece como primeiro item da pauta de votações após o
retorno do Carnaval.
Os líderes lembram que o governo
precisa "correr" para voltar a ter uma relação harmoniosa com o Congresso
e não descartam a possibilidade do movimento "Volta Lula" ressurgir
se a situação deteriorar muito. "Eventualmente, se essa crise se
aprofundar, pode acontecer", previu Figueiredo.
Fonte:
Agência Estado.
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