Idéias/Opinião -
Diário do Nordeste.
19.02.2014.
Descalabro
Jovens, mal saídos da casca,
enveredam pelos (des) caminhos do crime, nas suas várias tipificações,
terminando quase sempre na condição de latrocidas - forma mais grave de ação
delituosa. Diante de uma violência desmedida, a sociedade grita por mais
segurança. E os xadrezes e as penitenciárias transformam-se em depósitos de
presos em condições degradantes. E não há como estancar a hemorragia da
violência, hoje lugar comum no dia a dia das cidades brasileiras, incluindo
Fortaleza. Mais efetivos policiais, mais viaturas, mais construção de
penitenciárias - todo o esforço para minorar o fluxo da violência não obtém
êxito, pois as estatísticas criminais apresentam índices crescentes. Talvez a
solução para tão grave crise resida não só no aperfeiçoamento do aparelho
policial e judiciário, mas e, principalmente, nos investimentos voltados para a
Educação de qualidade, com escolas em tempo integral e professores bem
preparados e remunerados. Necessário também mudar o foco do sistema hoje
adotado, inclusive pela escola - centrado num modelo voltado para a competição,
o individualismo, o materialismo, representado pelo consumismo do ter, não
importando os meios de conseguir uma vida de riqueza, como padrão de realização
pessoal. Nessa ânsia de possuir, nessa
pulsão incentivada pela mídia e meios eletrônicos, reside a causa de tantas
ações criminosas e de tantos atos ímprobos. Infelizmente, as gerações estão
sendo dizimadas pela avalanche da violência, enquanto as medidas reparadoras
tardam ou não são adotadas pelos governos. Busca-se atacar os efeitos, e não as
causas da doença.
Eduardo Fontes
Jornalista e administrador.
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