Idéias.
Opinião - Diário do Nordeste.
18.02.2014.
Pesadelo
Acordei no inferno. Lugar tenebroso, nem mesmo Dante o imaginaria como o vi. Para piorar, a casa do mal era um tribunal repleto de fuligem, copiosa maldade. Julgamentos? Apenas sumários. Logo veio a mim um endiabrado juiz posto em veste talar escarlate. Como em todo 'bom' inferno o demônio exalava enxofre e todos os cães exibiam chifres agudos. De início, o encardido fitou-me no fundo dos meus olhos e se pôs em um sapatear desconexo e ridículo, bateu os cascos como fazem as bestas e rebolou como rebolam as "strippers". Constatei tratar-se de um diabo alegre. Adiante, havia um grupo de juízes anões entretidos na tarefa de queimar pilhas de processos; outros lançavam fólios ao fundo de um precipício fumegante, o que imaginei ser o porão de Lúcifer. - o que é aquilo, seu diabo? Indaguei - Ora, são as suas ações civis, Memorinha... - desatou em gargalhada o despudorado Belzebu! - Mas seu cão, elas sequer foram julgadas! - Ora, Dr Ricardo, as suas ações foram devidamente tramitadas no setor de envelhecimento processual; ademais, se tivessem sido julgadas isso aqui não seria o inferno. Kkk - riu, contorcendo-se. - Chega! Vou recorrer, chamar a PM, o MP e a OAB -gritei ao cão mor. Riram mais uma vez e puseram-se em desairosas mungangas e gestos minuciosamente obscenos, difíceis de imaginar mesmo nas mais abissais profundezas do inferno. - Ah! É assim? Vou chamar o Joaquim! -ameacei. Puft! Fedor e pestilência daquele ser ignóbil desapareceram juntamente com tudo o mais. A partir de então passei a rezar a São Joaquim (Heli), avô de Jesus; mas, por precaução, também não perdi uma única sessão do STF.
Acordei no inferno. Lugar tenebroso, nem mesmo Dante o imaginaria como o vi. Para piorar, a casa do mal era um tribunal repleto de fuligem, copiosa maldade. Julgamentos? Apenas sumários. Logo veio a mim um endiabrado juiz posto em veste talar escarlate. Como em todo 'bom' inferno o demônio exalava enxofre e todos os cães exibiam chifres agudos. De início, o encardido fitou-me no fundo dos meus olhos e se pôs em um sapatear desconexo e ridículo, bateu os cascos como fazem as bestas e rebolou como rebolam as "strippers". Constatei tratar-se de um diabo alegre. Adiante, havia um grupo de juízes anões entretidos na tarefa de queimar pilhas de processos; outros lançavam fólios ao fundo de um precipício fumegante, o que imaginei ser o porão de Lúcifer. - o que é aquilo, seu diabo? Indaguei - Ora, são as suas ações civis, Memorinha... - desatou em gargalhada o despudorado Belzebu! - Mas seu cão, elas sequer foram julgadas! - Ora, Dr Ricardo, as suas ações foram devidamente tramitadas no setor de envelhecimento processual; ademais, se tivessem sido julgadas isso aqui não seria o inferno. Kkk - riu, contorcendo-se. - Chega! Vou recorrer, chamar a PM, o MP e a OAB -gritei ao cão mor. Riram mais uma vez e puseram-se em desairosas mungangas e gestos minuciosamente obscenos, difíceis de imaginar mesmo nas mais abissais profundezas do inferno. - Ah! É assim? Vou chamar o Joaquim! -ameacei. Puft! Fedor e pestilência daquele ser ignóbil desapareceram juntamente com tudo o mais. A partir de então passei a rezar a São Joaquim (Heli), avô de Jesus; mas, por precaução, também não perdi uma única sessão do STF.
Ricardo Memória
Promotor de Justiça.
Inversão de valores
Na década de oitenta os brasileiros
foram às ruas a clamar por eleições diretas para presidente da República.
Estávamos em plena ditadura militar em que os presidentes da República eram
militares e eleitos indiretamente através do Colégio Eleitoral.
Trinta anos depois o brasileiro
volta a se manifestar e a encher as ruas com um componente incomum em que se
reúnem milhares de pessoas convocadas via redes sociais.
Muito interessante e salutar para
o amadurecimento cada vez maior da democracia e da cidadania. O que destoa de
tudo isso atualmente nas manifestações que acontecem diariamente é que a
violência se faz presente. Quando não é a força policial que acredito está
ainda despreparada para grandes concentrações populares, surgem grupos
mascarados a fazer quebra-quebra em patrimônios públicos e privados.
Infelizmente nessa onda de tanta
violência que se abate sobre o Brasil tem ainda pessoas que torcem e incentivam
a violência que beiram a barbárie. E para culminar com tudo isso aconteceu a
lamentável morte de um cinegrafista da TV Bandeirantes.
Se o brasileiro foi às ruas e
conseguiu derrubar a ditadura militar de "cara limpa" e sem violência
trinta anos atrás por que hoje não pode fazer da mesma forma?
É importante reforçar e promover
uma cultura de paz. Desarmar os espíritos.
A democracia é feita pelos
contrários. Ninguém deve aceitar e muito menos promover o medo e a violência.
E fazer de tudo para que as
liberdades sejam respeitadas. Esse é o caminho.
José de Arimatéa dos Santos.
Professor.
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