terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 18 DE FEVEREIRO DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.

PUERIL, MAS PROVIDENCIAL TRANSPARÊNCIA.

Nobres:
A decisão da Câmara Federal de cassar o mandato do deputado Natan Donadon, condenado a 13 anos de prisão por corrupção. A Câmara concentrou agora para a cassação de um membro da Casa, por conta do voto aberto que passou a vigorar no ano passado. Em agosto, em votação secreta, Donadon havia sido poupado por seus pares, O parlamentar contou, portanto, com o respaldo de seus colegas parlamentares que mudaram repentinamente de ideia. Donadon acabou perdendo o mandato porque entenderam desta vez em voto aberto, que essa era a melhor solução. É ingênuo acreditar que os apoiadores do agora cassado tenham reexaminado suas consciências e mudado de ideia em pouco mais de meio ano. Não é esta a explicação para a reviravolta. O que explica o gesto dos que se converteram à punição é a exposição pública de suas condutas num momento crucial para a imagem do Congresso. É o começo do fim dos biombos. O julgamento de um parlamentar deixa de contar, como aconteceu em outras oportunidades, com a proteção do anonimato. Com a extinção do voto secreto, a Câmara corrige um de seus grandes defeitos, que era a incapacidade de se auto refinar. Mesmo que estivesse preso desde junho, depois de julgado pelo STF por formação de quadrilha e desvio de R$ 8 milhões da Assembleia Legislativa de Rondônia, Donadon ainda aspirava manter a representação legislativa. A preservação de seu mandato envergonharia ainda mais o Parlamento. Com o afastamento definitivo do deputado, a Câmara passou pelo primeiro teste da transparência imposto pela votação aberta. Com o voto declarado, perdem sentido as desculpas, as interrogações levantadas por declarações dúbias e até as afirmações dos que declaravam uma coisa e faziam outra. Os que conspiravam contra a moralização do Parlamento estão agora expostos também ao julgamento público, o que só beneficia o próprio Legislativo e a democracia. A principal lição que se tira do episódio é a de que a sociedade não pode afrouxar na vigilância de seus representantes políticos. Foi em decorrência dessa vigilância que os deputados tiraram das sombras os votos antes escondidos pelo corporativismo dos que anistiavam denunciados por falta de decoro, corrupção e outros delitos graves. Espera-se que a Câmara tenha de fato iniciado uma mudança histórica na conduta até então vacilante diante dos desmandos cometidos por eles em ações escusas..

Antônio Scarcela Jorge.

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