segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - SEGUNDA-FEIRA - 24 DE FEVEREIRO DE 2014

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge

TRANSFORMAR COM ANEDOTÁRIO POLÍTICO

Nobres:
Como não poderia deixar de ser tem coisas na política do Brasil especifica pelo primarismo tão irreverente que nos deixa habituado ao “jeitinho” que expõe normas de sentido plural para afirmar “conceito. A nossa analise se direciona a  regra de voto nominal que nos convoca a escolher candidatos e não partidos produz aberrações e destrói a política. Pelo modelo, o voto oferecido a um candidato pode garantir a eleição de outros, do mesmo partido ou coligação. Assim, os eleitores paulistas que deram ao nosso conterrâneo Tiririca (PR) mais de 1,3 milhão de votos elegeram também Otoniel Lima (PRB), Vanderlei Siraque (PT) e Protógenes Queiroz (PC do B). Se a norma é a votação nominal, os partidos que apresentam nomes famosos terão vantagens competitivas. Neste espaço, as siglas correm atrás de artistas, jogadores de futebol, palhaços, ex-BBBs, modelos, apresentadores de TV, pastores etc com a expectativa de aumentar suas representações. Com raras exceções, a safra de “celebridades” eleitas para o parlamento só tem renovado o folclore político nacional. Os problemas do modelo são, entretanto, muito maiores. Parlamentares que defendem interesses corporativos e que “representam” as aspirações de suas bases tendem a aumentar suas votações. Assim, no Brasil, uma receita para a reeleição inclui pelo menos ingredientes no sentido de zelar pelos interesses de possíveis financiadores de campanha (quanto mais poderosos, mais interessante a relação) e também distribuir recursos públicos carimbados como “emendas parlamentares” em atenção às demandas de prefeitos e de comunidades do interior, estruturando uma rede de clientela para a retribuição de favores. Um dos principais pontos dessa “desacatares escrupulosa” é colonizar a máquina de Estado com a indicação de cabos eleitorais que se especializarão no tráfico de influências e na atenção às demandas particulares passíveis de se transformar em capital eleitoral e defender as aspirações de seus eleitores, por mais equivocadas ou EGOÍSTAS que sejam manifestando-se de forma tanto mais incisiva quanto maior for a competição com seus concorrentes pelos votos daquele setor.
Nesse modelo, parlamentares e governantes que atuem tendo em conta o interesse público dispostos, portanto, a contrariar interesses particulares sempre que sobrepostos ao bem comum possuem  desvantagens eleitorais.  De igual sorte, políticos que apresentem proposições inovadoras tendentes a efetivar reformas civilizatórias são pontos “fora da curva” do mercado eleitoral.  Pelo sistema vigente, então, quanto mais irresponsável e demagogo for um político, quanto mais disposto a zelar pelos interesses econômicos poderosos, quanto mais submisso aos governos e mais identificado com as opiniões majoritárias o que vale especialmente para os preconceitos mais amplamente compartilhados maiores serão suas oportunidades eleitorais. O resultado pode ser medido pela progressiva degradação do parlamento e dos partidos. Um caldo sulfuroso onde centenas de políticos do tipo Jair Bolsonaro (PP-RJ), Marcos Feliciano (PSC-SP) e Luis Carlos Heinze (PP-RS) nadam à vontade. Que seus partidos estejam todos aninhados no aconchegante colo do governo Dilma e sejam, portanto, aliados do PT no plano federal é algo que diz, por si só, muito sobre o que foi feito da política no Brasil. Pilantragem aqui recebe o nome de “realismo” e toda postura ética será castigada. Em nome da dialética, claro. Quem acompanha cotidianamente o desenrolar dos acontecimentos junto a mídia tem firme definição que desagua quase sempre nas ações escusas de políticos caracterizados umbilicalmente na projeção, folclórica, polícia, política e ainda mais em escala de lucros para os mais espertos.

Antônio Scarcela Jorge.

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