Brasília Em uma
sessão cheia, o plenário da Câmara dos Deputados cassou o mandato parlamentar
de Natan Donadon (sem partido). Por 467 a favor, nenhum voto contra e apenas
uma abstenção (do peemedebista Asdrubal Bentes, do Pará, já condenado em
processo de 2011 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Donadon perdeu o mandato
por quebra de decoro parlamentar em votação aberta).
O político de Rondônia
surpreendeu os colegas ao comparecer à sessão na noite de ontem. Ele chegou sem
algemas, com a roupa branca do presídio e trocou por um terno, gravata e broche
de deputado. Nesta segunda votação, ele desistiu de discursar e deixou o
pronunciamento da defesa aos cuidados de seu advogado, Michel Saliba.
Aos jornalistas, Donadon alegou
que estava sendo injustiçado, que foi transformado em bode expiatório e que não
poderia ser julgado mais uma vez pelos seus pares. Ele deixou o plenário antes
do término da votação.
Na tribuna, Saliba criticou o
voto aberto. Segundo o advogado, o fim do voto secreto faz com que os deputados
se sintam "compelidos" a defender a cassação do colega.
"Os deputados estão votando
com uma espada de Damocles apontada na cabeça porque aquele painel refletirá o
resultado que se propagará na mídia no mês de fevereiro, em um ano eleitoral. O
voto aberto traz, indiscutivelmente, um risco a uma das conquistas da
democracia", afirmou.
Antes, o relator do processo de
cassação, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), destacou que o voto aberto dá
maior "transparência" à deliberação dos parlamentares e afirmou que a
decisão anterior da Câmara de não ter cassado Donadon "envergonhou a
Casa".
Durante a sessão, os líderes
partidários se revezaram na tribuna defendendo a perda de mandato e alegando
constrangimento da Casa em manter um "deputado presidiário" entre
seus quadros.
Ontem, as bancadas foram
orientadas a votar pela cassação. Em agosto passado, ele conseguiu se livrar da
cassação ao fazer um discurso que comoveu seus colegas. Na ocasião, a votação
foi secreta.
No novo processo, o político era
acusado de denegrir a imagem do Parlamento ao usar algemas e por ter votado na
primeira sessão que o livrou da perda do mandato, o que não era permitido. Na
votação secreta da ocasião, o resultado foi 233 votos a favor da cassação,
quando eram necessários 257 votos. Donadon foi condenado a 13 anos, 4 meses e
10 dias por peculato e formação de quadrilha e cumpre pena na Papuda desde
junho.
Fonte: Agência Brasil.
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