O Supremo Tribunal Federal (STF)
encerrou a sessão desta quinta-feira sem retomar a discussão sobre as prisões
de condenados no julgamento do mensalão. Havia a expectativa que o ministro
Joaquim Barbosa, presidente da Corte e relator do mensalão, apresentasse aos
colegas o alcance da decisão tomada ontem, de cumprir imediatamente a prisão de
parte dos réus.

O Supremo decidiu ontem que os
réus deveriam começar a cumprir, mesmo parcialmente, as penas. Ficariam apenas
de fora os casos questionados pelos recursos conhecidos como embargos
infringentes, que leva determinados crimes a um novo julgamento.
Pela decisão de ontem, o
ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu começaria a cumprir a pena pelo
regime semiaberto. Isso porque a condenação pelo crime de formação de quadrilha
foi questionada por embargos infringentes, enquanto a pena por corrupção ativa
ficou em sete anos e 11 meses de prisão. Para cumprir em regime fechado, o
tempo de reclusão precisa ser superior a oito anos.
Quando as prisões forem
determinadas, provavelmente na semana que vem, a execução deve ficar a cargo de
um juiz de Execução Penal do Distrito Federal. Os réus serão levados a
Brasília, mas poderão pedir para cumprir pena nas cidades onde residem.
A princípio, 16 réus podem ter as
penas executadas imediatamente. Quatro devem ir para o regime fechado, sete
cumprirão regime semiaberto, e dois, no aberto, além de três penas
alternativas. Um cálculo feito pela assessoria de Barbosa deve confirmar os
números.
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No
relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como
operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e
ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados
por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por
corrupção ativa.
Em 2008,
Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não
ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer
750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos
40 réus José Janene, ex-deputado do PP,
morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator
apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era
composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino),
além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias.
Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção
ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco
Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e
Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta
e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar
Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de
divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é
processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique
Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O
ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP)
responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A
denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR(ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações
finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social
Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas. A ação penal começou a ser
julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto
Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do
mensalão.
Durante
três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou
o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na
Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no
processo.

Fonte: Agência Brasil.
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