COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
O IMPERATIVO ANÁRQUICO.
Nobres:
Que país é este? - Até onde e
quando irá essa mistura de selvageria, oportunismo político de grupelhos
radicais e alegre impunidade para bandidos de todos os naipes em que estão se
transformando inexoravelmente as “manifestações populares” notadamente em São
Paulo e no Rio e que pode se alastrar para outros centros regionais do país. Por enquanto, continuarmos a ver os
governantes dos dois estados completamente apalermados diante do que está
acontecendo, balbuciando explicações inconsistentes, demonstrando não apenas
despreparo técnico, mas igualmente dubiedade, ingenuidade política e
incapacidade de entender a real dimensão do risco que as instituições estão
correndo, não são possíveis prever. Some-se a isso uma parte de nossa elite
cultural e jurídica e uma indisfarçada simpatia juvenil pelo desafio à ordem
que muitos jornalistas e observadores mais jovens não conseguem esconder,
atribuindo-lhe caráter e o caldo de cultura para o desastre está feito. Vemos a
todo o momento na tevê: grupos violentos não surgem nos lugares como por
encanto; vêm em carros, ônibus, trens, caminhões, a pé, e têm sido filmados
pela imprensa sem qualquer dificuldade. Onde estaria, então, a dificuldade de a
polícia se antecipar, pará-los, revistar mochilas, verificar documentos? Grupos
de depredadores e saqueadores têm sido filmados agindo com absoluta
desenvoltura. Mas, se o cinegrafista estava ali, a poucos metros, onde estava o
agente da ordem para coibir seu vandalismo? E aí vem o beletrismo entranhado em
nossa cultura e nossa história: um caminhão que havia sido roubado por
“manifestantes” é filmado trafegando na contramão em uma rodovia, passando por
carcaças de veículos em chamas, enquanto a polícia observava do acostamento. A explicação?
Ora, tratava-se de uma rodovia federal e, portanto só policiais federais
poderiam agir. Não é um primor? A estrada em polvorosa, veículos em chamas e os
políticos/burocratas discutindo a jurisdição sobre a via. ENGRAÇADO! Para não
se dizer, trágico - É uma filosofia da passividade da anarquia que já é bem
aceito por “simpatizantes do anarquismo no e, do poder” Não se pode parar
alguém e examinar sua mochila por receio de violar seu direito à privacidade. E
se houver um coquetel molotov dentro dela? Nada a fazer, uma vez que o artefato
não foi lançado e, portanto, não há nenhum crime em carregar uma garrafa cheia
de gasolina com um pavio; quem sabe o portador pretendesse lavar algumas peças
sujas de graxa de um carro enguiçado. Surrealismo explícito! Que direitos devem
ter precedência (pois em toda sociedade civilizada há direitos que precedem
outros) nesses episódios? O direito de qualquer pessoa a ter sua vida e sua
propriedade protegida contra a violência e o esbulho, ou o direito à
privacidade das mochilas? E assim ataca-se e destrói-se o patrimônio alheio sob
os olhares aparvalhados da polícia e lenientes da Justiça e do Ministério
Público, que se esmeram em manter aparências de atuação sem se preocupar com a
eficácia do que estão fazendo; no começo os alvos eram os bancos e os vândalos
defendiam sua fúria destruidora demonizando o sistema financeiro e o lucro dos
grandes banqueiros. Agora são pequenos comerciantes e bancas de jornal,
caminhoneiros autônomos e passantes inocentes, que pagam a mensalidade de seus
veículos com seu suado trabalho e dificilmente podem ser enquadrados entre os
“tubarões” capitalistas, que estão sendo saqueados e “expropriados” de maneira
sumária e violenta. O perigo é evidente. Democracias muito mais consolidadas e
institucionalmente aparelhadas que a nossa sofreram abalos profundos quando
enfrentaram problemas semelhantes com igual incompetência. Anteriormente
ocorreu em países europeus quando grupos privados armados agiram sem controle
nas ruas. Qualquer semelhança não é mera coincidência. É anarquismo purial
institucional e legal. Aonde vamos!
Antônio Scarcela Jorge.
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