Senadores concluíram votação em
dois turnos da proposta.
PEC obriga governo a pagar emenda ao Orçamento feita por parlamentar.
PEC obriga governo a pagar emenda ao Orçamento feita por parlamentar.
O Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (6) em
dois turnos a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do chamado Orçamento
Impositivo, que obriga o governo a liberar verbas para despesas inseridas por
deputados e senadores no Orçamento da União, as emendas parlamentares
individuais. Para entrar em vigor, a matéria ainda terá de ser votada pela
Câmara dos Deputados e depois promulgada. - O texto, aprovado por 51 votos a 8,
tem como principal novidade a obrigatoriedade do pagamento das emendas
parlamentares individuais, que geralmente são direcionadas para os redutos
eleitorais de senadores e deputados. - A Lei Orçamentária (que prevê receitas e
despesas do governo federal), da forma como é hoje, autoriza despesas
decorrentes das emendas, mas não impõe a liberação dos recursos. Por isso, o
governo pode cumprir ou não gastos que não são obrigatórios. A PEC do
Orçamento Impositivo também determina que 50% das emendas
parlamentares sejam destinadas para a área da saúde. O governo teve que
negociar esse percentual com os deputados, que queriam vinculação menor, de
40%. Em troca, o Planalto aceitou aumentar o valor das emendas parlamentares
previsto pela PEC. - Ficou decidido que o governo será obrigado a pagar em
emendas o valor correspondente à 1,2% da Receita Corrente Líquida da
União (soma do que o governo arrecada, descontados repasses para Estados e
municípios), o que deverá totalizar, segundo cálculos do governo, R$ 8,1
bilhões ao ano. - Atualmente, cada parlamentar pode indicar até R$ 15 milhões
em emendas, que não são necessariamente liberadas. Com o orçamento impositivo,
cada um terá direito a um valor menor (R$ 13,8 milhões), mas com liberação
garantida. - O texto aprovado pelos senadores foi negociado com o governo e com
lideranças da Câmara. A intenção é fazer com que passe pelos dois turnos de
votação na Câmara dos Deputados sem sofrer alterações. Caso contrário, terá de
retornar para a análise do Senado. O texto que havia sido aprovado pelos deputados em agosto não
reservava nenhum percentual das emendas para a área da saúde. - Todos nós
defendemos mais recurso para a saúde. “O importante é saber se esses recursos
têm fonte orçamentária viável, segura, para que nós possamos aqui estar
apresentando uma emenda que não represente um cheque sem fundo.” - Eduardo
Braga (PMDB-AM), líder do governo no Senado.
GASTO MÍNIMO EM SAÚDE
A PEC do Orçamento Impositivo
também fixa em 15% o percentual mínimo da receita corrente líquida que a União
terá que destinar à saúde até 2018. Atualmente, a União é obrigada a aplicar na
área o montante do ano anterior somado à variação nominal do Produto Interno
Bruto (PIB). Os estados devem destinar 12% de sua receita tributária e os
municípios, 15%. - Pela proposta do Orçamento Impositivo, até 2018 o governo
deverá aplicar 15% da Receita Corrente Líquida para a saúde de forma
escalonada. Dentro desse montante, estarão verbas das emendas parlamentares,
recursos dos royalties do pré-sal e os repasses do tesouro. Segundo o relator
Eduardo Braga (PMDB-AM), o percentual representará R$ 64 bilhões ao final de
cinco anos.
PERCENTUAL MAIOR NÃO PASSA
Durante a votação, alguns
senadores tentaram aumentar de 15% para 18% o percentual da Receita Corrente
Líquida que a União ficará obrigada a aplicar em saúde. Foi o caso do paraibano
Cícero Lucena (PSDB), que apresentou uma emenda sobre o assunto. - Segundo o
tucano, com o escalonamento aprovado, o governo aplicará valor inferior ao já
destinado para a área em 2012. “Isso é manipulação de informação, é querer
enganar o povo que tanto está precisando de saúde”, disse durante votação em
primeiro turno nesta terça. - “Hoje, é mais uma demonstração clara de que o
Senado da República não cumpre com suas prerrogativas, não respeita os
interesses dos entes federados que aqui deveriam estar pautados.” - Aécio
Neves, senador (PSDB-MG) - A proposta, que também diminuía de cinco para quatro
anos o prazo que o governo teria para alcançar o percentual de 18%, obteve 34
votos favoráveis e 23 contra, mas acabou rejeitada porque não alcançou o mínimo
de votos necessários para emendas constitucionais (49).
- TODOS NÓS DEFENDEMOS MAIS RECURSO PARA A SAÚDE
“O importante é saber se esses
recursos têm fonte orçamentária viável, segura, para que nós possamos aqui
estar apresentando uma emenda que não represente um cheque sem fundo”, disse o
líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM) ao pedir pela rejeição da emenda de
Lucena. - O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB e possível candidato à
Presidência da República em 2014, criticou o percentual de 15%. Segundo ele, o
senado sucumbiu à “mão pesada” do governo. - “Hoje, é mais uma demonstração
clara de que o Senado da República não cumpre com sua prerrogativas, não
respeita os interesses dos entes federados que aqui deveriam estar pautados”,
disse o tucano.
Fonte: Agência Senado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário