sábado, 16 de novembro de 2013

MATÉRIAS CARLOS AZEVEDO PONTES - DE MANAUS -AM

COMENTÁRIOS/CRÔNICAS/POESIAS
Carlos Pontes

Férias que férias 2012!

Férias e, salto de um salto da tecnologia, de A320 estou no Ceará. É Ano Novo. Mas nada que nada, férias é um nada de muito nada, o bom mesmo é quase nada da rotina que a gente tem, de 5:00 às 23:00 horas. Todos têm suas nuances de ponteiros.

Ceará é um povo caloroso? A começar pelo meu irmão Valdimiro, grande figura do dia 15/01que foi inesquecível. Sem deixar de citar tantos outros: Marília, Alex, Patrícia, mesmo um só dia com Deisy, a tagarelice linda de criança de Laura, Valdo, Tânia, Emerson, Patrício, Tio Aderson e família, Valdir e suas suadas dores reumatóides ou coisas do tipo.

Vi gente que queria ver: Célia Alencar e seus quadrigêmeos mais João Pedro, meus queridos sobrinhos, tia Erundina ou desculpem, é tia de Simone, Ribeiro das sedas e tantas outras malhas, desde cabelos negros que o vejo com tesoura e metro na mão. Velhas amizades de 60 anos: Elcina, Hermína, João do Carmo e outros, de 20 ou mais anos experientes que eu. Em São Gonçalo do Amarante, encontrei Kátia e sua bela turma. Em Nova-Russas, terrinha torrão encontrar Pontes (Vilene Mikely Pontes), Evangelistas, Freires, Dias e Diogos, tantos outros. Até os Pontes do tio Totonho Pontes que não os conhecia.

Não vi gente que queria ver: Duda Azevedo, por desencontros também não conheci o poeta e Escritor Ufólogo: Ramos Pontes. Gentil não só no nome também, não pude ir a São Miguel no Rio Grande do Norte. Fabrício Araújo ficou também para a próxima.  Pastor Cid e Lessandra por questões de saúde não os encontrei. Dos amigos virtuais não fui conhecer: Saúde Brito e Bernadete (Granja), Najara Nery (Paraipaba) e Antonio B. Medeiros (Tuica).

Não pus os olhos, não toquei em quem tanto queria tocar: seu Manoel Patrício (Meu Pai, seu nome é Manoel, ele nos deixou em 20/12/2010. Saudades!), mestre João Antônio de carpintaria entendia de tudo, também foi para o outro lado.

Coisas boas? Vários e destaco: as cidades interioranas têm menos miséria ou mesmo poucos esmoles. As políticas sociais, deficitárias ou não, amenizam a pobreza. Só não vê cego de gravata.

Coisas ruins: saiba, me contaram que esmoles que aparecem, são velhinhos aposentados que induzidos ou não por familiares e espertalhões fizeram empréstimos e ficaram sem o sagrado sustento e por isso voltaram a pedintes.

Comida? Vi feiras de até dois quarteirões com frutas e verduras a preços baixos, se comparados com os preços dessa nossa Manaus.

Praias?  Sim, praias: ventos, sol, ondas, ondas de até esquecer o passar dos dias.

Serras? Nova Fátima de Ipueiras, que lá de cima dá vontade de ir até Ipu ou descambar para o Piauí.

Ficou lembrança e pegou, grudou saudades da família e amigos, que só espero que aumentem até mesmo nas alegrias ou na dor como diz o “Nani Azevedo”.

Em passant, até breve com bis.

Carlos A. Pontes
 Ceará-01/2012.

Homem Terra


Eu destruo, eu estrupo.
Tua identidade eu poluo
E tu desfigurada
Sem teus ramos balouçar
Tu sofres os peixes podres
Os troncos soltos
A queima à sutileza de tua vida
E sem vida
Não te sinto, não pressinto.
Não me falas, estás calada.
E eu triste vou te vendo
Mesmo assim reconhecendo
O teu fim é o meu fim
A tua morte a minha morte
E sem Terra não somos, não temos vida

Data: 21/07/1978 – Acampamento ABU.

Opacidade do Eu


Braços longos, braços que apalpam,
Como sentir um grande vidro
O universo a resvalar
E luzes a irradiar

Ao pé do grande vidro
Ao redor, na terceira dimensão,
A luz e da luz uma angústia
Eu sou opaco...

Eu queria, eu quero a luz.
Os raios, os raios se chocam, voltam
Eu sou opaco, onde está a luz?
Verdadeira Luz?

E esta beleza, raios, luzes,
Incapazes, mas canal,
Deus pode entrar.

Data: 20/07/1978.

Zezé do Vale e meu pai Manoel


Um dia passo na Praça do Ferreira e tem um bocado de homens discutindo futebol. Fiquei atento. Descobri um homem prá lá dos 60: alto, branco, olhos azuis. Quis saber quem era. QUE SURPRESA: Zezé do Vale. Conversamos tanto. Falei que meu pai (Manoel Patrício) falava tanto dele. Falei de quanto papai gostaria de vê-lo. Papai falava de uma valsa daquelas, sim daquelas: de dor de cotovelo. Ele teria sido traído pela sua primeira esposa e dai teria ido embora para Fortaleza, mas deixado para muitos ouvidos aquela valsa. A mãe dele era Pontes do Vale, não sei se a avó dele se chamava Joana Pontes do Vale, acho que esse era o nome dela. Ficamos amigos, frequentei sua casa várias vezes à Rua Carvalho Mota 110 (?), aí mesmo no querido São Geraldo, próximo ao Mercado de São Sebastião. Ouvi-o tocar sanfona, cantar o hino oficial do Ferroviário de sua autoria.

Após tudo isso chegou aquele dia em que eu estava no Ceará e papai em Fortaleza. Fomos a Rua Carvalho Mota. Que felicidade ver aqueles anciãos que tinham se visto ainda meninos se encontrarem. Falaram deles e eu os ouvia. Zezé do Vale, que poeta, que homem bom e simples. E meu pai não era diferente.

Ao escrever essa memória, meus olhos, saudades.
Sds

Carlos Pontes

Se não foi no “Qualquer Lugar” .....


“Plano Verão”, um desses planos mirabolantes de um país chamado Brasil, lá por 89 e 90. Aeroportos cheios, viajar, vaga, que nada! E eu que tinha que ir a trabalho de Manaus a Porto Velho, vaga, que vaga em aviões, que nada. Mas aquele ditado bem brasileiro: “aos amigos os favores”, um amigo quebrou meu galho. Meu amigo Miquéias Fernandes, hoje advogado dos bons me manda um bilhetinho para Isaltino, gerente de embarque da Vasp no Aeroporto. Leu, escarafunchou os vôos e sentenciou: “Te embarco para Porto Velho com escala em Brasília, só que 14 horas para novo vôo”.

Recusar? Que nada! Tio Mundico Pontes, o qual o tinha vista em 58, sua Maria que e seus quatro filhos, que só os nomes conhecia, me fizeram aceitar na hora aquela oferta.

Chego a Brasília, estou no terminal de passageiros do centro de Brasília. Tia Maria ao telefone e diz: “toma o ônibus de Taguatinga e diz que desce no Qualquer Lugar”. E qualquer lugar é algum lugar, retruquei.

É o bar mais famoso de Brasília fique sabendo.

Foi alegria geral: conhecer aquela família simples e calorosa, bem como rever tio Mundico, aquela figura alegre de uma música que ficou em minhas lembranças de criança: “Ze Lotero”.

E o bar “Qualquer Lugar”? O que lá se presume que ocorreu ou em qualquer outro dos milhares de bares no Brasil, um pais que tem um de seus símbolos a cana que manda muitos em cana, crimes e dependências, é o que relatamos.

Ao redor da mesa de bar lá estão: “Xico Arara”, “Zeca Ceará”, “Elisberto Leão”, “Jorge Belo” e “James do Senado”, que iniciam um curioso diálogo.

- Zeca Ceará: “Minha Muler é uma cearense capivara, se voltar levo do seu chiquerador”.

- Jorge Belo: “Minha mulher fecha as portas com chaves de estância, nada de abrir, a chave não entra, fico do lado de fora”.

- James do Senado: “Eu boto as coisas em casa, tô tranqüilo. Lá eu canto de galo”.

- Elisberto Leão: “Eu não tenho para onde ir. Vou procurar outro lugar. No Qualquer Lugar não devo ficar”.

- Xico Arara: A minha mulher é diferente. Mesmo com bafo de onça, ela me recebe com todo carinho me chamando de meu amor, meu querido e coisa e lousa e tal.

Um princípio de confusão. Falam os bêbados ao mesmo tempo. Zeca Ceará, Jorge Belo, James do Senado e Elisberto Leão discutem e sentenciam: “essa mulher não existe”.  Aí fala Xico Arara:

Xico Arara: Pois, vamos lá casa confirmar. E foram os cinco, apoiando-se uns nos outros. Xico Arara bate na porta e chama “Maria Belém!”
- Maria Belém (abrindo a porta) – “Seja bem vindo meu querido. Não só você, mas também seus amigos. Sentem-se. Vou fazer um café e merenda para todos.

Os quatro ficam espantados com tal atitude. Como pode? Ainda existem Amélias? É fantasma ou essa mulher existe mesmo? Sai o café meio amargo e pão com ovo para todos. Perguntam ao mesmo tempo:

- Elisberto Leão, Jorge Belo e Zeca Ceará: “Por que isso? Ninguém entende. Explica ou expliques-se”.

- Maria Belém: “O amor de Deus me faz também amar, amar até mesmo bêbados como vocês”. Vocês precisam de amor e carinho, não posso me negar, senão nego o meu Deus também. Se não virem Jesus em mim, também não O aceitarão como Deus de amor, que perdoa e ama de modo incondicional.
 
Imagine quem venceu! Venceu o amor, o amor de Deus que era bem grande no coração de Maria Belém, amor capaz de transformar vidas de bêbados e tantos outros carentes do verdadeiro amor de Jesus.

Carlos Azevedo Pontes.

*Carlos Azevedo Pontes – novarrussense residente em Manaus – AM - Engenheiro Civil – (Renomado na região norte do país)






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