O ex-diretor de marketing do
Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no julgamento do mensalão, fugiu para a Itália, destaca a imprensa italiana neste domingo.
Segundo a imprensa, Pizzolato, que possui a dupla cidadania italiana e
brasileira, está no país há mais de 40 dias, depois de ter deixado o Brasil
pela fronteira com o Paraguai.
Pizzolato, condenado a 12 anos e
sete meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato,
destacou em uma carta dirigida a seu advogado, Marthius Sávio Lobato, que
pretende "solicitar um novo julgamento na Itália, ante um tribunal não
submetido ao que é ditado pelos meios de comunicação". As autoridades brasileiras
já entraram em contato com a Interpol.
Outros condenados no julgamento,
incluindo José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares, ligados ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e ex-dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT), se entregaram à Polícia Federal.
Todos foram considerados culpados
por um esquema de pagamento de suborno a deputados para garantir votos no
Congresso, entre 2003 e 2005, durante o primeiro mandato de Lula, e foram
condenados a penas de prisão.
Na quarta-feira, o Supremo
Tribunal Federal (STF) determinou a execução imediata das penas de 16 dos 25
sentenciados no julgamento, que acabou no fim de 2012 e destacou um amplo
sistema de compra de deputados pelo PT.
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No
relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como
operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e
ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados
por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por
corrupção ativa.
Em 2008,
Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não
ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer
750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos
40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu
em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator
apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era
composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino),
além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias.
Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção
ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco
Rural, Kátia Rabello, e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e
Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta
e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar
Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de
divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é
processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique
Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O
ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP)
responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A
denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR(ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson. Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações
finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social
Luiz Gushiken e o irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas. A ação penal começou a ser
julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos
Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do
mensalão.
Durante
três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou
o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na
Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no
processo.
No dia 17
de dezembro de 2012, após mais de quatro meses de trabalho, os ministros do STF encerraram o julgamento do mensalão. Dos 37 réus, 25 foram condenados, entre eles Marcos Valério (40 anos e
2 meses), José Dirceu (10 anos e 10 meses), José Genoino (6 anos e 11 meses) e
Delúbio Soares (8 anos e 11 meses). A Suprema Corte ainda precisa publicar o
acórdão do processo e julgar os recursos que devem ser impetrados pelas defesas
dos réus. Só depois de transitado em julgado os condenados devem ser presos.
Fonte:
Agência Brasil.
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