COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
Nobres:
A corrupção é um instrumento dos políticos em sua
evidência que utilizam de seus recursos para influenciar as políticas públicas
em seu favor, permitindo também a apropriação privada dos recursos públicos e a
reafirmação e o aprofundamento das desigualdades. é constitutiva mesmo do nosso
modelo precário de democracia. Sem corrupção não há privilégio. Neste “estágio”
que a população brasileira em comum com perplexidade. E fica a pergunta: mas se
no governo Lula nunca os banqueiros ganharam tanto; no governo Dilma nunca as
grandes empresas tiveram tamanho apoio, seja por meio dos financiamentos do
BNDES ou de políticas de isenção tributária; se nos últimos anos os grandes
meios de comunicação tiveram o maior volume de verbas de propaganda do governo
federal. Enfrentar a corrupção é também enfrentar o domínio da máquina pública
em todos os níveis de governo, orquestradas pelos corruptos plenamente
identificados, alguns presos e condenados. Para fazer tudo isso é preciso
desmontar os atuais mecanismos que asseguram o poder aos corruptos. Já não há
mais dúvida de que os brasileiros estão desafiados a enfrentar uma crise
econômica sem precedentes e sem data a se firmar, representada pela recessão,
pela volta da inflação alta, pelo aumento do desemprego e pelos conflitos
sociais decorrentes da deterioração dos serviços básicos. Os indicadores
econômicos expõem uma realidade da qual ninguém, do setor público aos cidadãos,
passando por todas as atividades produtivas, estará imune. Instabilidades
políticas potencializam uma crise que o governo subestimou, e veio contribuir
para o agravamento de um cenário de paralisia de investimentos e de
desconfiança generalizada com os próximos atos do Executivo. O Brasil, e não só o governo federal, defronta-se com o que não mais pode ser
negado. Austeridade deixa de ser um jargão depreciado pelos próprios
governantes para se transformar em necessidade real, a começar pelos municípios
brasileiros, que em sua maioria nunca levaram à sério e continuam a promover
farras com o erário. Mais vai chegar as portas da realidade, os gestores não
suportarão e é, chegada a hora de serem
alijados de seus cargos. Os cegos não vêem que num passado recente, foram
presos, confiar no governo inerte, é a desgraça deles. Os mais racionais se cuidam. Na realidade, comunidades
que durante décadas adiaram soluções administrativas, imitando o que há de pior
do governo central, terão de se submeter ao arrocho e racionalizar seus
orçamentos. Há dados concretos sobre o descontrole dos municípios. Estatísticas
e Tribunais estão advertindo, por enquanto, não chegar a hora estratégica de
agir. A grande maioria tem deficiências graves de gestão, e o retrato das
dificuldades é o mesmo “efeito dominó” que agora, enfrentado pelos Estados. Mas
a crise apenas denuncia insuficiências que vinham sendo encobertas por um longo
período de prosperidade. Infelizmente, planos de investimentos, sempre
acompanhados do jeitinho das licitações escusas terão de ser adiadas.
Antonio
Scarcela Jorge.
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