Antonio Roberto Mendes Martins.
Do livro de Eduardo Campos, “O
Parceiro Só”, tirei: Poeta do povo, de apelido Lobo Manso, versejando “contra
os profetas e experiências da chuva” do Cariri, alinhou cópia esplendida de
“avisos” de indivíduos da fauna da região.
De manhã canta o jacu
À tarde a rã rapa a cuia
O sapinho canta aleluia
Gargareja o cururu
Canta e apita o inambu
E o tempo abafado e quente
Geme o trovão no
nascente
Nada disso faz chover
Depois de Deus não querer
Não há homem experiente
Nem o xexéu cantando
Nem o cupim criando asa
Nem aranha fechar casa
Nem pau darco florando
Nem todo padre rezando
Os que existem no mapa
Nem o Bom Jesus da Lapa
Nada disso faz chover
Depois de Deus não querer
Nem mesmo as preces do Papa
Nem o imbuá trepado
Nem formiga se
assanhando
Nem seriema cantando
Nem o peixe bem ovado
Nem buriti carregado
Nem reza de inocente
Nem dia frio e nem quente
Nada disso faz chover
Depois de Deus não querer
Nem dia de São Vicente
Nem dia de São José
Nem peitica assoviando
Nem sábia gorjeando
Nada disso eu tenho fé
Regula é se Deus quiser
Nem os anuns enxurrando
Nem capuxu se mudando
Nada disso faz chover
Depois de Deus não querer
Nem mesmo o carão cantando
Nem cantando o lagartão
Nem o besouro serrar pau
Nem gritando o bacurau
Nem voando o corujão
Nem besourinhos furar chão
Nem mata pasto florando
Nem o caboré cantando
É bastante Deus querer
Nada empata de chover
Nem tanajura voando
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Mestre em Física –
Professor
Universitário (UFC) novarrussense – residente em Nova-Russas.
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