O PAPA E AS POMBAS
Na manhã do domingo passado, na
janela do Vaticano em que costuma aparecer, o Papa Francisco surge de branco,
tendo ao lado duas crianças. Um menino de azul e a menina de vermelho. Cada uma
das crianças levava, nas conchas das mãos, uma pomba branca. O simbolismo desse
gesto pode ter várias interpretações: a libertação, a pureza do branco, o amor
de São Francisco pelos animais e os sonhos das crianças sem os pesadelos de
outrora com a pedofilia grassada e agora coibida
pela Igreja. E outras mais. Livre é o sonhar. O fato é que as crianças cumpriram a sua parte: abriram as
mãos e deixaram as pombas voar. Lembro-me de Raimundo Correia, poeta:
"Vai-se a primeira pomba despertada... Vai-se outra mais...". Logo
após alçarem o voo da liberdade, as duas pombas foram caçadas por um corvo e
uma gaivota que os levaram pelos bicos. As fotos como tudo neste mundo do
instantâneo, foram parar em jornais e mídias. E ninguém soube do fim dos dois
columbiformes. Ao final do papado de papa Bento XVI, houve igual cerimônia e as
duas pombas também foram caçadas e atingidas. Assim, nem a austeridade do
alemão e a simpatia (atual capa da revista "Rolling Stones") do
argentino deram certo. E "os olhos do Senhor estão em todo lugar".
Prov.15:3. Todos nós, com as nossas ânsias de libertação, somos pequenos para
os sinistros corvos e as fingidas gaivotas que nos espreitam nos ares da vida.
Fiquemos alertas. Somos bicados pelo governo, pelas angústias da vida, pelas
demandas da família, pela violência do dia a dia e nem sentimos os ares. É o
"habitat" dos corvos óbvios e das gaivotas dissimuladas.
João Soares Neto.
Escritor.
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