O ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal), Gilmar Mendes, disse hoje que o Ministério Público precisa
investigar as doações recebidas por petistas condenados no processo do mensalão
para o pagamento de multas impostas no julgamento. De acordo com ele, pode
estar havendo lavagem de dinheiro no sistema de arrecadação.

Condenados por corrupção no
julgamento do mensalão, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro da
sigla Delúbio Soares criaram páginas na internet para receber doações e
conseguiram arrecadar cerca de R$ 1,7 milhão para quitar as multas que,
somadas, chegaram a cerca de R$ 1,1 milhão. O restante deverá ser doado para o
ex-ministro José Dirceu, que terá de pagar multa de R$ 971 mil, também
relativas à sua condenação por corrupção no mensalão.
Mendes disse que "há algo
muito estranho" no sistema de arrecadação e alegou que os condenados estão
fazendo "festa" com a multa. Algo que, para ele, deveria ser
discutido pela sociedade.
"Há algo de grave nisso. E precisa ser investigado. E essa gente, eles não são criminosos políticos, não é gente que lutava por um ideal e está sendo condenado por isso. São políticos presos por corrupção, são coisas que precisam ser refletidas. A sociedade precisa discutir isso", disse. Após levantar suspeitas sobre as doações, Mendes também disse que algumas peças deveriam ser unidas para se tentar desvendar o quadro pós julgamento do mensalão. Ele destacou o episódio do emprego oferecido a Dirceu por um hotel de Brasília cuja empresa tinha sede no Panamá. "Se a gente olha, coleta de dinheiro, esse tipo de manifestação, serviço num hotel que pertence a alguém no Panamá por R$ 20 mil, se a gente soma tudo isso há algo mais no ar do que avião de carreira. Está estranhíssimo. Ele era também dono do hotel? Era empregado e empregador? Veja quanta coisa está sendo colocada."
Mendes também levantou suspeita
sobre crimes que podem ser cometidos no período eleitoral caso seja proibido o
financiamento de campanha por empresas privadas. De acordo com ele, associações
e organizações sindicais poderiam distribuir seus recursos através do CPF de
filiados.
"Isso mostra também bem o risco desse chamado modelo de doação individual. Imaginem os senhores, com organizações sindicais, associações, distribuindo dinheiro por CPF".
Fonte: Folhapress.
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