TEMER ARTICULA ROMPIMENTO COM GOVERNO DILMA.
Michel Temer:
grupo do vice-presidente acredita que pode conseguir 75% de apoio a favor do rompimento com Dilma em reunião do PMDB.
Brasília - A oferta de cargos no governo para dividir
a base aliada no Congresso obrigou ontem o vice-presidente Michel Temer a cancelar sua viagem a Portugal.
Ele quer garantir
uma vitória expressiva na reunião do diretório nacional do PMDB, marcada para
terça-feira, em que deve ser oficializado o rompimento do partido com a
presidente Dilma Rousseff, passo considerado fundamental para o impeachment da
petista.
Com Temer envolvido diretamente nos bastidores da
articulação, o PMDB do Rio de Janeiro já anunciou ontem que irá votar pelo
desembarque do governo.
Os peemedebistas fluminenses sempre foram considerados
estratégicos para o jogo do impeachment no Congresso.
O Planalto deu mostras,
contudo, que usará o poder que ainda tem para atrapalhar os planos de Temer.
A
edição do Diário Oficial de ontem trouxe a demissão do presidente da Fundação
Nacional de Saúde, Antonio Henrique Pires, que é ligada ao grupo do
vice-presidente.
A troca deixa claro que o Planalto resolveu abrir mão
de negociar com os partidos para atender diretamente às demandas dos deputados,
provocando uma série de divisões em todas as bancadas.
O foco do governo é o
universo de 172 votos, número mínimo necessário para impedir o impeachment.
Conforme o Estado publicou ontem, o Planalto decidiu
apostar na oferta de cargos em primeiro e segundo escalão com dois objetivos
iniciais: diminuir o impacto do provável rompimento do PMDB e evitar que esse
episódio contamine o restante dos partidos da base de sustentação no Congresso.
"Qualquer voto que eles conseguirem no PMDB é
lucro", disse o deputado Lúcio Vieira Lima (BA), integrante da ala a favor
do impeachment.
"Para nós, é importante aprovar o desembarque do partido
para mostrar nossa força", completou.
O Planalto conta com a ajuda dos atuais sete ministros
do PMDB, que ocupam as pastas de Minas e Energia, Saúde, Agricultura, Ciência e
Tecnologia, Turismo, Aviação Civil e Portos.
Por ora, nenhum deles deseja sair
do cargo.
Em reunião com a presidente anteontem à noite, eles
apresentaram o quadro atual da disputa dentro do partido e comprometeram-se a
não facilitar o rompimento liderado pelo vice-presidente. Mesmo durante o
feriado, o grupo de ministros deverá realizar ligações para integrantes dos
respectivos diretórios estaduais, no intuito de assegurar votos contra a
debandada.
Reunião.
Diante das investidas da cúpula do governo, Michel
Temer decidiu na manhã de ontem não viajar para Portugal.
Em Lisboa, o
vice-presidente participaria de um evento promovido pelo instituto de ensino
jurídicos ligado ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar de ter cancelado a viagem, Temer não confirmou
sua presença na reunião do diretório na terça-feira.
Ele prefere não presidir o
encontro que deve beneficiá-lo. A direção dos trabalhos caberia ao primeiro
vice-presidente do partido, senador Romero Jucá (PMDB-RR), favorável ao
impeachment.
No Brasil, Temer irá atuar nos bastidores para
garantir uma vitória expressiva na reunião do diretório.
O grupo do vice
acredita que pode conseguir 75% de apoio a favor do rompimento.
O diretório é
integrado por 119 membros, das 27 unidades da federação.
No evento em Portugal,
está prevista a participação de lideranças de oposição como o presidente
nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e o senador José Serra (SP).
Fonte: Agência Brasil.
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