Líder do PMDB no Senado e um dos principais aliados da
presidente Dilma Rousseff, Eunício Oliveira (CE) diz que o vice-presidente
Michel Temer está pronto para assumir o governo se a petista for afastada.
“Se
os fatos avançarem e levarem à condição de o vice Michel Temer, presidente do
meu partido, ter de assumir, obviamente que ele está preparado e o partido está
preparado”, disse.
Em entrevista ao Estado, Eunício Oliveira, de 63 anos, 42 dos quais, está filiado
ao mesmo partido, ressalvou que o PMDB não está “arquitetando a derrubada do
governo”.
Mas disse que, embora Dilma tenha sido eleita para os quatro anos de
mandato, se os fatos se apresentarem contrários à permanência dela,
“paciência”.
Na convenção do PMDB, Temer foi reconduzido à
presidência do partido e Eunício permanecerá como tesoureiro.
Peemedebista Eunício Oliveira, líder do PMDB no
Senado, concede entrevista para o 'Estado' em seu gabinete no Senado, em
Brasília. (ontem).
O objetivo da convenção é eleger a nova direção (do
PMDB). Na pauta não existe nenhum outro item que não seja isso.
É possível se
discutir tudo. Moções apareceram, mas ela não tem qualquer caráter vinculativo
de decisão partidária.
O Brasil está derretendo, a economia se desmanchando e nós, do PMDB,
temos procurado discutir não só com nossos líderes como também com os demais
partidos.
Eu estava agora com o presidente do DEM (senador Agripino Maia).
Estamos discutindo o que fazer para retirar o Brasil do buraco,
independentemente da presidenta Dilma e do PT. Não podemos perder o Brasil para
a crise. Estamos entrando em recessão e, se virar depressão, se torna perigoso.
O fato de o PMDB do Senado conversar com a oposição
não mostra que o partido admite uma saída política sem Dilma?
Essa pergunta me
foi feita no jantar na casa do Tasso Jereissati (senador do PSDB). Vocês se
uniram à oposição para derrubar o governo? Não é assim que pensamos, estamos
discutindo com a oposição para salvar o Brasil. Temos um processo de
impeachment em aberto. Não há que se esconder nada, fazer algo no subterfúgio.
Tem a outra questão no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que é algo delicado e
ainda a inquietude das pessoas nas ruas. Quem tem preocupação com o Brasil está
preocupado com isso, não com a saída da presidente.
Se os fatos avançarem e levarem à condição de o
vice-presidente Michel Temer, presidente do meu partido, ter de assumir,
obviamente que ele está preparado e o partido está preparado. Mas isso não quer
dizer que estejamos arquitetando a derrubada do governo. Eu disse isso com
todas as letras nas reuniões. Estamos lutando por uma saída política e
econômica que dê condição de vida melhor para os brasileiros. Essa é a nossa
função, não é tirar nem botar alguém. As questões estão todas postas na mesa,
não tem o que esconder.
Não sei. O PMDB não definiu essa questão. Tenho muito
cuidado para não parecer que esse movimento que as lideranças do PMDB estão
fazendo não apareça para a sociedade e para a mídia como uma trama para
derrubar um governo. Estamos diante de fatos e, diante deles, temos que nos
organizar, tomar nossas decisões, pensar o Brasil. Precisamos ter muita
cautela, o que tem faltado em muitas pessoas e autoridades. Nós queremos
assumir o poder no Brasil pela democracia e não num ato de golpe.
Não vamos perder o Brasil para a crise. Esse é um
propósito de um partido e de um senador que tem alguma inserção no contexto
político nacional. Nós do PMDB do Senado; eu pelo menos estou dizendo; vamos
esgotar tudo e todas as condições políticas e democráticas para que não
tenhamos nenhum tipo de atropelo na democracia, para que o PMDB não apareça
como partido oportunista ou golpista.
A presidente tem condições de governar até o fim do
mandato?
Ela foi eleita para quatro anos de mandato. Agora, as
circunstâncias se agravaram de tal forma que não esperávamos. Ninguém aguardava
essa deterioração política, econômica e ética. Se essa junção levar a uma
posição (de ela não concluir o mandato), só o tempo vai dizer.
Então, o senhor não descarta o abreviamento do mandato
dela?
Ela foi eleita para quatro anos, mas, se fatos no meio
do caminho se apresentarem contrários a essa manutenção, paciência.
Os fatos levam à saída dela?
A junção da questão ética – não falo da presidenta,
falo do contexto, a questão política muito grave, a crise e a questão econômica
que é mais grave, é o combustível para que a sociedade se movimente numa
direção contrária. Isso ninguém pode esconder ou negar.
Os protestos de amanhã podem deflagrar um processo de
afastamento da presidente? O PMDB está atento a isso?
Numa democracia a população tem voz, voto e vez. Se
através da movimentação pública, pacífica, não desejar um governante, é difícil
você dar continuidade a esse governo. Vamos trabalhar com fatos, eles dirão
qual a posição a seguir.
Acho que vai gerar muitas especulações. Ele podia ter
sido candidato em 2014. Depois, quando o governo começou a apresentar
problemas, acho que talvez tivesse sido importante a participação efetiva do
presidente Lula num governo da presidente Dilma.
Fonte: Agência Brasil.
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