Marcondes está preso por suspeita de participação num suposto esquema de compra de medidas provisórias (MPs) de interesse da indústria automotiva.
Nas alegações finais do processo originário da
Operação Zelotes, o Ministério Público Federal afirma que os serviços do
lobista Mauro Marcondes eram mais caros porque ele tinha acesso direto e seria
amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Réu na ação penal em curso na Justiça Federal em
Brasília, Marcondes está preso por suspeita de participação num suposto esquema
de compra de medidas provisórias (MPs) de interesse da indústria automotiva.
Lobistas são acusados de receberem propina das
empresas, principalmente Caoa e MMC Automotores, para atuarem junto ao poder
público, com o objetivo de incluir os pleitos do setor em três medidas
provisórias (MPs) do governo federal.
De acordo com o Ministério Público, um manuscrito
apreendido na casa de um dos investigados indica que os serviços prestados por
Marcondes tinham "valores diferenciados"
"É coerente afirmar que o acesso direto ao então
presidente da República possui um preço 'diferenciado', ou seja, mais elevado,
o que seria possível em razão da relação de amizade que existia entre Luiz Inácio
Lula da Silva e Mauro Marcondes", sustenta o procurador Frederico Paiva.
Lobby.
Conforme a 'Folha de S.Paulo' mostrou nesta
terça-feira (29), nas mesmas alegações finais, o procurador diz que os réus da
ação receberam valores incompatíveis com os de mercado de consultoria e se
comunicavam em linguagem cifrada.
Um dos principais pontos do documento é tentar
desconstruir a tese das defesas de que os réus prestaram serviços de
consultoria e lobby, sem cometer crimes.
"A escolha do ramo de consultoria não foi
aleatória. Ante sua natureza, há uma dificuldade em definir se o serviço foi
efetivamente prestado. Mas a atividade de consultoria propicia vultosas
movimentações bancárias, inclusive a de saques em espécie, sem despertar
maiores suspeitas", escreveu nas alegações finais.
Em seu parecer, o procurador lembra ainda que os
lobistas participaram de reuniões com técnicos dos ministérios da Fazenda e do
de Desenvolvimento, Indústria e Comércio que sequer foram registradas
oficialmente.
O Ministério Público acrescenta que a investigação
mostrou que um dos réus externou preocupação com cobranças de
"parlamentares".
Argumenta também que os lobistas não conseguiram
provar, no curso da ação, despesas com "colaboradores", termo usado
em mensagens trocadas entre os suspeitos.
Outro lado.
Em depoimento à Justiça Federal, Mauro Marcondes negou
ter pagado pela edição de medidas provisórias e disse que fez apenas um
trabalho de lobby. Afirma que foi contratado pelo setor para fazer um trabalho
técnico que mostrasse a importância da prorrogação de benefícios fiscais ao
setor automotivo.
"O lobby é o antídoto da corrupção. Quem faz
lobby não precisa corromper. Quem corrompe não precisa fazer lobby. Corrupção
eu não aceito em nenhuma hipótese", afirmou.
Disse, por exemplo, que "nunca" faz reunião
com um representante do governo sem a presença de outros integrantes da equipe
dele e da sua. "É uma cautela que eu sempre tive", afirmou.
Gilberto Carvalho sustentou, em depoimento à Polícia
Federal, que era parte da função da chefia de gabinete intermediar os pedidos de
reunião com o chefe do Executivo federal.
Diz ainda que todos esses encontros eram registrados
em relatórios armazenados na Presidência da República.
Sempre que procurada, argumenta que já apresentou
todos os esclarecimentos às autoridades competentes e que não há evidências que
justifiquem denúncia, tampouco um processo judicial contra a empresa.
Diz que "jamais contratou ou pagou qualquer
empresa para aprovação da Medida Provisória" e que continua à disposição
dos investigadores.
A MMC também nega que jamais participou de qualquer
atividade ilícita.
Fonte: Agência Brasil.
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